Ok, os assuntos estão bastante baby oriented. É que essa é basicamente minha realidade ultimamente, né? Prometo que vou tentar conciliar com outros assuntos em breve.
Uma coisa que amo aqui na Austrália é o envolvimento que as pessoas tem na comunidade. Trabalho voluntário é uma prática bem comum e quando vc tem filhos um novo mundo social de mães (e pais) se abre pra vc. Thiago que o diga, tá sempre trocando informações com outros pais no trabalho dele. :)
Mas hoje vou falar especificamente sobre os grupos de pais do bairro. Quando tivemos o Lucas, a primeira consulta quando ele saiu do hospital foi com uma enfermeira (aliás aqui os check ups do bebê geralmente são com as enfermeiras do centro de saúde do bairro, que acontecem entre 2-3 semanas de vida do bebê, depois com 6 semanas, 6 meses e 1 ano – difícil acostumar se comparar com os check ups mensais que são feitos pelo pediatra no Brasil). Como nessa primeira consulta o bebê é recém nascido e muitas mães ainda estão se recuperando do parto, eles oferecem que a enfermeira vá em casa fazer a visita. E assim foi comigo, foi uma enfermeira lá em casa e fez pesagem, mediu altura, viu reflexos, me fez responder um questionário sobre violência doméstica e outro sobre depressão pós parto, tirou dúvidas, etc. Nessa consulta elas indicam que os pais vão nas reuniões semanais que ocorrem no centro de saúde do bairro, para conhecer outros pais que tiveram bebês na mesma época.
Na semana seguinte lá fomos eu e Thiago, numa sexta de manhã (o Thiago tava de licença ainda), com o Lucas a tiracolo, claro, nessa reunião que dura 2 horas. Tinham mais ou menos uns 10-15 pais com bebês de 3 a 8 semanas de vida. Foi ótimo por nos fazer sentir acolhidos e ver que não éramos os únicos a passar os perrengues e dúvidas com um recém nascido. Nessa reunião as enfermeiras que a conduzem estimularam os pais a trocarem contato e montarem um grupo no facebook para se encontrarem. Entrei no tal grupo mas no início não curti muito, o Lucas era o bebê mais novo e sei lá, achei as pessoas meio distantes (digo pessoas pois não eram só mães, tinha um pai solteiro também!).
Normalmente as mães param de levar os bebês nessas reuniões em torno de 8 semanas, então na semana seguinte a maioria das mães desse primeiro grupo tinha parado de ir e começou um grupo novo. Me meti de novo no grupo do facebook que estava sendo criado, e nesse o Lucas era o mais velho, rs, mas tinham vários bebês com apenas alguns dias de diferença dele. As mães eram um pouco mais novas que as do primeiro grupo e achei que o papo fluía bem melhor.
Como em seguida teve Natal e Ano Novo, as reuniões no Health Centre com as enfermeiras foram suspensas e retomaram em janeiro quando o Lucas já estava com 6 semanas. Ainda fui em mais 1 ou 2 reuniões lá, mas comecei a odiar. É que os temas iam ficando repetitivos, e eu também estava mais confiante da minha nova função de mãe, já tinha lido e pesquisado bastante e começou a me incomodar algumas das opiniões das enfermeiras. Eu era (sou) super contra a orientação de deixar o bebê chorar pra aprender a dormir sozinho, odiava quando elas diziam que não era pra ninar o bebê no colo, ou que não era pra amamentar em livre demanda. Enfim, começou a me irritar e parei de ir.
Mas continuei indo nos encontros do grupo de mães. Na verdade continuei indo nos 2, mesmo no que disse que não tinha gostado muito. E não é que com o tempo passei a adorar os 2? Num deles as mães são mais velhas (em torno de 35 anos) e os bebês também são mais velhos que o Lucas (1-2 meses mais velhos) mas é ótimo pra eu antecipar o que vou passar com ele. Já no outro grupo as mães são mais novas (em torno de 30 anos) e vão voltar a trabalhar mais tarde, então as reuniões sempre tem mais quórum.
Engraçado que quando eu voltei a trabalhar não conseguia mais ir nas reuniões do segundo grupo que eram as sextas de manha, mas consegui convencer as meninas a mudar pra um dia em que eu não trabalho. rs
Ambos os grupos funcionam assim: temos um grupo privado no facebook onde postamos fotos/vídeos dos bebês, dúvidas e marcamos cada semana um local diferente (o dia e horário são sempre os mesmos). Agora com os bebês maiores e querendo engatinhar (e alguns até já treinando os primeiros passos!) tá ficando mais difícil escolher um local que tenha espaço pra eles ficarem no chão, ainda mais nesse inverno tenebroso. Um dos grupos resolveu começar a revezar as casas, acho que semana que vem será na minha. O outro marcamos normalmente num café grande que comporte vários carrinhos e nos desdobramos pra entreter os bebês por 2 horas pra conseguir conversar. rs Quando o tempo tá bom marcamos num parque com gramado pros pequenos ficarem no chão.
Sei que tive sorte com esses 2 grupos, tenho muitas amigas aqui que detestaram o grupo do seu bairro e pararam de ir. Mas eu sigo lá firme e forte semanalmente nos últimos 7 meses e agora com os bebês maiores começamos a marcar “girls night out”, ou seja, saídas sozinhas sem filhos pra beber! Fui numa mês passado de um dos grupos e mês que vem vai ser a do outro. Como ainda amamento claro que não encho a cara, mas como o Lucas não mama mais na madrugada dá tempo suficiente pra eu tomar alguns drinks.
Ah, como se não bastasse as mães da creche o Lucas também se organizaram para um “girls night out” e semana que vem lá vou eu (sou muito arroz de festa. haha) pra outra noite de bebedeira enquanto o Thiago fica com o Lucas.
Engraçado que ouço muita gente aqui (brasileiros) falarem que os australianos são frios e não formam amizade. Eu nunca tive essa impressão! Talvez porque eu entenda o jeito deles e aja assim também (sempre odiei essa falsa simpatia do brasileiro, que diz “vamos marcar” e nunca marca, chega atrasado e num primeiro momento já se faz de melhores amigos mas no fundo não é bem assim), então em todos os lugares que frequentei aqui (cursos, trabalho, e agora grupo de mães) fiz boas amizades. Tá, talvez não se crie tão rápido a intimidade que nós brasileiros criamos, mas pro outro lado sinto que os australianos são muito verdadeiros e prestativos. Exemplos: uma vez eu fiquei doente e uma das meninas do meu grupo de mães fez questão de ir lá em casa levar uma sopa pra mim; ou quando o Lucas ficou doente 2 vezes em 2 semanas, uma das meninas ofereceu de deixar a filha dela com os avós pra poder cuidar do Lucas e eu não precisar faltar ao trabalho. Claro que depende muito de afinidade não fico amiga de todas, mas tem pelo menos umas 2 do grupo que considero mais próximas e sei que posso contar pra um papo, uma ajuda, elas já se ofereceram várias vezes, p.ex., pra ficar com o Lucas pra mim quando eu precisar já que sabem que não tenho família aqui pra ajudar.
É também muito comum aqui ouvir histórias de grupos de mães que começaram quando os bebês nasceram e duram mais de 20 anos! Espero que seja o meu caso, afinal ter uma boa rede de apoio e amigos nunca é demais, né?
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