quarta-feira, 26 de março de 2014

Diferenças entre Brasil e Austrália no dia-a-dia

Nossa, hoje me dei conta que tem quase um mês que não escrevo um post… Essas últimas semanas tem sido super corridas, muito apertado no trabalho (me descobriram de vez como paralegal, adeus ócio...rs), estudos atrasadíssimos, o voluntário que agora me deu 2 livros para estudar e completar, muitas saídas com amigos, enfim, muita coisa boa acontecendo, mas que por outro lado me deixaram na maior correria.

Tenho alguns posts atrasados pra compartilhar, inclusive o balanço dos nossos 2 anos de Austrália (super atrasado, por sinal, quase 2 meses de atraso!), mas hoje vou começar com algo mais leve.

Outro dia me peguei pensando em coisas do cotidiano que faço por aqui e não faria de jeito nenhum no Brasil (mais especificamente no Rio, sei que em outras cidades/estados a situação principalmente da violência deve ser bem mais tranqüila). Essas pequenas coisas, quando somadas, dão um bom retrato da qualidade de vida que se tem por aqui.

Chega de enrolação e vamos a lista:

- não ter alarme no carro

Vira e mexe eu me pego com a chave do carro na mão e pensando que a trava dele é só trava mesmo, não tem alarme. E nem precisaria, nunca ouvi falar de alguém que tenha tido o carro roubado (antes que me corrijam, não estou dizendo que roubos não existam aqui, mas são mais raros). Outra coisa que eu faço muito é deixar a bolsa dentro do carro, com carteira e tudo enquanto estaciono em algum lugar. Quando me lembro que no Rio nem se pode andar de carro com a bolsa no banco pois um ladrão pode quebrar seu vidro e pegar a bolsa, isso aqui parece o paraíso...


- andar com a bolsa aberta na rua

Sim, eu sei que estou relaxada demais no quesito segurança pessoal... Mas vc vê tanta gente fazendo isso, e com a sensação de segurança que a Austrália inspira eu vou relaxando, relaxando... Quase sempre ando de bolsa aberta pelo centro da cidade, no trem, esteja cheio ou não. Shame on me...

Ah, e não sou só eu a maluca não, vejo todos os dias mulheres com as bolsas abertas pelas ruas. Eu que no Rio nem usava algumas bolsas por elas não terem fecho (saca aquelas só com um velcro de leve em cima? Improbitivas pro RJ, claro...), aqui uso e abuso. Não preciso nem dizer que aquela história de andar com a bolsa colada no peito, com o zíper pra frente e segurando bem firme é algo inimaginável por aqui, né? Acho que se eu contar pros australianos eles vão rir e achar que é piada...


- colocar a bolsa no chão do restaurante

Taí algo que sempre me intrigou. Na época em que trabalhava em restaurante achava bizarro essa mania das pessoas de deixar a bolsa no chão, sem supervisão, largada mesmo. Já vi até homens tirando a carteira e o celular do bolso pra sentar na mesa e deixando esses itens no chão embaixo da cadeira! Longe das vistas de qualquer um! Surreal... Por incrível que pareça eu ainda reluto em colocar a bolsa no chão no meio de um bar cheio, ou até mesmo pendurá-la na cadeira (velcro na cadeira nem pensar! Seria outro motivo de piada por aqui...rs). Sim, eu sei que sou meio contraditória, ando com a bolsa aberta no trem cheio mas não desapego no restaurante/bar. Mas quem foi que disse que eu era sã e coerente? haha


- andar mexendo/falando no celular, ou com tablet/laptop no transporte público

Tá ficando meio redundante esse discurso sobre segurança, eu sei, mas é que isso ainda me surpreende. Nada mais normal do que ir pro trabalho no trem/ônibus usando seu iphone/ipad/laptop pra ler, ouvir música, ver o mais recente episódio do seu seriado favorito.
Outro dia eu ouvi dizer que a polícia está querendo multar quem anda na rua mexendo no celular (não sei se já existe lei contra isso ou se querem criar uma), por ser causa de recorrentes acidentes de transito. Devo confessar que vira e mexe faço isso, shame on me again... haha

E isso leva ao próximo item...


- atravessar a rua sem olhar, simplesmente porque é daquelas faixas onde a preferência é dos pedestres ou porque o sinal de pedestre abriu pra vc

Eu acho que prudência nunca fez mal a ninguém, e eu costumo sempre olhar pros dois lados antes de atravessar a rua, mesmo que a preferência seja minha. Mas isso não é regra por aqui...

Pra quem não sabe, sempre que tiver essa placa abaixo, a preferência é do pedestre.



Isso significa que os carros tem que parar obrigatoriamente se um pedestre se aproxima do cruzamento. E eles param! No início eu ficava meio cabreira e esperava o carro parar completamente, o que certamente irritava muitos motoristas, pois muitas vezes eles vem diminuindo bastante a velocidade pra dar tempo do pedestre atravessar, e eram obrigados a parar completamente porque eu estava lá com cara de tacho me certificando que eles iam parar mesmo... rs

Essas placas são o terror para motoristas recém chegados a Austrália de um país como o Brasil onde pouco se respeita o pedestre. O Thiago mesmo já quase matou de susto alguns pedestres quando quase se esqueceu de parar antes da faixa. Principalmente quando vc vai virar a direita/esquerda e a faixa está bem na esquina da rua que vc está virando. Ou seja, dirija sempre com o dobro de cautela e devagar, muito devagar se estiver andando em ruas de bairro, pois as pessoas estão tão acostumadas a atravessar sem olhar, assumindo que os carros vão parar, que não custa muito pra vc atropelar alguém se não respeitar os sinais/faixas de transito.


- ver bicicletas andando na rua junto com os carros

Não estou falando de ciclovia, nem do ciclista andar cortando os carros, estou falando do ciclista andando numa das pistas da rua, como se carro fosse, simplesmente porque a rua não tem ciclovia. E nada de motoristas xingando, buzinando, cortando o ciclista. Tudo flui na mais santa paz, como na foto abaixo que eu tirei num sábado de sol indo pra praia em Manly.



Só lembrando que o mesmo se aplica pra moto, tem que andar como se carro fosse, sem cortar os outros veículos. Talvez por isso aqui quase não se veja moto...

Ah, um detalhe para os ciclistas: aqui é obrigatório o uso do capacete e acho que luz traseira se vc for andar a noite. E também aconselhável fazer um seguro, vai que vc bate numa lamborguini... E acredite, tem muitas por aqui, o nosso antigo vizinho mesmo tinha uma, o Thiago sempre parava o carro com uma distancia enorme dele (que ficava na vaga ao lado) com medo de eu abrir a porta com forca e bater na lamborguini... haha Não sei porque ele tem tanto medo de eu arruinar veículos alheios... Deve ser por isso que não me ensina a dirigir...


- as pessoas acreditam em na sua palavra, sem pedir comprovação a todo momento.

Sabem como é no Brasil, é aquela história de cópia autenticada, mil comprovantes pra isso e praquilo, um parto pra conseguir acessar sua conta do banco, senhas mil, etc. Aqui as coisas são mais simplificadas, a senha do banco é uma só (nada de senha numérica + letras infernais), vc acessa sua conta de qualquer computador (que ódio do Banco do Brasil que bloqueia ad eternum o meu computador pessoal! Mesmo eu baixando mil autenticações, versões do Java, validando senha, etc, ele sempre acha uma forma de me bloquear pra fazer transação online daqui). Não existe autenticação de documento em cartório, aliás nem existe cartório. Quem autentica documento (nos raros casos em que eles são exigidos) é o juiz de paz (um serviço gratuito que vc encontra em qualquer bairro, em diferentes dias e horários, dá pra descobrir onde e que horas no site deles) ou até mesmo qualquer advogado ou médico australiano.

Além disso, as pessoas realmente acreditam no que vc afirma. Um exemplo: outro dia fui no hospital pra um exame mais complexo e o Medicare não cobria, então eles acionaram o meu seguro privado. Só que o seguro privado aqui tem franquia anual caso vc use para hospitais (dependendo da sua cobertura, claro, dá pra ter um sem franquia, mas vc paga mais por mês), tipo quando vc bate o carro e tem que pagar a franquia, saca? Bom, a franquia do meu é $250, que paguei ao hospital e eles repassam ao plano. Pouco mais de 1 mês depois eu fui a outro hospital fazer outro procedimento, e me cobraram a franquia. Eu disse que já tinha pago, e essa franquia paga vale por 1 ano. A moca do hospital disse que o plano não tinha reportado isso pra eles quando ligaram no dia anterior para confirmar o procedimento. Eu estava já esperando ela me pedir cópia do pagamento, ou ligar para o plano pra confirmar, mas não! A resposta dela foi pedir desculpas e refazer meu boleto sem qualquer valor extra a pagar. Eu ainda argumentei que tinha falado com o plano dias antes e eles sabiam que eu tinha pago a franquia (não sei porque ainda estava me explicando! haha) no que ela respondeu: “no worries, deve ter sido um delay no processamento deles, se vc diz que pagou então ta pago”. E eu mais uma vez me surpreendi...

Vou ter que parar por aqui pois minha mesa de trabalho já está empilhada de coisas. Vou tentar voltar ainda essa semana.

domingo, 2 de março de 2014

Wollongong e o templo budista

Esse fim de semana o tempo estava uma bosta, chovendo, esfriando, nem sinal do março de sol e calor que tivemos ano passado. Parece que o outono já chegou com tudo, e eu nem vi passar o verão... Sim, estou bem ranzinza por não ter tido dias suficientes com sol e calor (e sem vento!). Coisas se carioca que morre de saudade de usar short e camiseta e/ou vestido a noite...

Deixando as reclamações de lado, com um fim de semana sem graça e sem muitas opções, resolvemos pegar o carro e dar um passeio. O destino escolhido foi Wollongong, cidade a 46km da nossa casa (80km do centro de Sydney). A cidade é bem conhecida por aqui, de médio porte (quase 300 mil habitantes), com uma grande e respeitada universidade e muitas atrações (pelo menos é o que eles dizem no site da cidade... rs).

Dá pra ir de trem (mais ou menos 1 hora e meia da estação Central) ou de carro, sendo que de carro é interessante ir pela Grand Pacific Drive, uma estrada que vai beirando a costa e passando por diversas praias pelo caminho (uma em especial ainda queremos ir, chama-se Woonona e parece linda).

Como chegamos lá já de tarde, não deu pra fazer muita coisa, só almoçamos com um amigo que está morando lá, depois ele nos levou pra conhecer a universidade - tanto o campus quanto o centro de pesquisa onde ele trabalha, que tem prédios super interessantes e inovadores. Seguem algumas fotos que achei na internet:






O ponto alto do passeio, entretanto, foi a visita ao Nan Tien Temple, um templo budista imenso que fica em Wollongong. Acho que se eu não fosse agnóstica seria facilmente budista, tenho uma grande admiração pela filosofia deles. O templo é um espetáculo, com jardins lindos e super agradável. Infelizmente não podia tirar foto dentro do templo em si, mas no site deles (que coloquei o link no início desse parágrafo) tem fotos do interior, é um espetáculo!

Seguem algumas fotos que eu tirei da parte externa:



Pra finalizar, não resisti ao entrar na lojinha do templo e comprei essa linda caneca de chá chinesa, feita de argila (clay em inglês) e que retém o sabor do chá no decorrer dos anos de uso. Agora estou aqui testando ela com meu chazinho de gengibre e limão... :)