quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Tipos de contrato de trabalho na Austrália

Em muitas coisas os contratos de trabalho na Austrália são parecidos aos do Brasil, mas existem algumas diferenças.

Existem basicamente 3 tipos de contrato:

1) Permanent

É o equivalente ao nosso “carteira assinada”, apesar de na Austrália não existir a carteira de trabalho em si. O contrato pode ser para trabalho “full time” (sendo o padrão 37.5 horas por semana) ou “part time” (qualquer valor de horas menor que os 37.5 semanais, mas não necessariamente a metade. Existem "part time" de 4hrs ou 6hrs diárias). No caso do "part time", os mesmos direitos trabalhistas são garantidos, mas pro rata ao número de horas trabalhadas. Segundo o site do Fair Work (órgão do governo que regula as relações trabalhistas), os benefícios do trabalhador permanente incluem:

- número máximo de horas de trabalho por semana. Ou seja, se passar das 37.5hrs o empregador tem que pagar hora extra. Na empresa do Thiago eles dizem que só se passar de 2 hrs de hora extra é que cabe a remuneração, o que eu acho estranho... No meu escritório eles pagam hora extra direitinho e ainda num valor acima da hora normal. E ainda pagam táxi se vc trabalha mais de 2hrs do horário normal ou se trabalha a noite (tem uma secretária noturna que trabalha part time de 5pm a 9pm e volta pra casa todo dia de táxi pago pela empresa – e olha que ela mora longe e gasta $100 por dia!). Outro benefício que algumas empresas pagam é adicional de 15-20% de férias, mas acho que não é regra. Na empresa do Thiago não pagam, na minha pagam.

- férias anuais e “sick leave” remuneradas. Pra um trabalhador full time são 4 semanas de férias remuneradas por ano, como no Brasil. A diferença aqui é que se vc quiser tirar mais do que essas 4 semanas normalmente pode fazer na boa, só precisa acordar com o chefe a data e ter ciência de que não será remunerado. A maioria das empresas fecham na semana do Natal e Ano Novo (não é o caso da minha, infelizmente, alguma coisa tinha que ser ruim perto de tantos benefícios... rs), e esse fechamento é descontado das férias. No caso do Thiago a empresa dele fecha 3 semanas (!) então só sobraria 1 semana de férias. Só que muita gente não viaja no fim do ano por ser muito caro, mas precisa de uma folga longa no decorrer do ano pra visitar a família (na maioria das vezes em países distantes). Sabendo disso eles permitem que se tire mais 4 semanas durante o ano, mas sem remuneração.

A “sick leave” é a licença médica. Cada trabalhador full time tem direito a 10 dias de licença médica remunerada por ano (eu sempre achei que eram 8 dias, mas no site do Fair Work eles falam em 10). E acredite, todo mundo usa essa licença! Qualquer espirro ou dor de barriga é motivo pra alguém ligar dizendo que está doente, só pra usar esse benefício. Tanto que muitas empresas passaram a exigir atestado médico (que aqui se chama “Medical Certificate”, by the way), a do Thiago por exemplo exige esse atestado para sick leaves nas segundas e sextas. Na minha empresa eu nem sei pois todas as vezes que faltei por motivo de doença eu realmente tinha um atestado para apresentar.

- aviso prévio e pagamentos proporcionais aos dias trabalhados.

Um detalhe: o que muito se faz é no contrato estipular 3 meses (ou 6 em alguns casos) de experiência, e a partir daí o contrato segue como “ongoing permanent”. O meu é uma exceção por ser de 1 ano, renovável anualmente, mas os benefícios são os mesmos.


2) Contractor

Equivale ao nosso “autônomo”. Assim como no Brasil aqui muitas vezes a empresa faz um contrato de "contractor" quando na verdade o trabalhador exerce todas as funções de um permanente e é efetivamente um funcionário. No site do Fair Work tem uma explicação detalhada. No que diz respeito ao contractor existem mil nuances, esse post ia ficar muito longo se eu fosse explicar...

Um adendo: tenho um conhecido da área de TI que trabalha numa empresa como “contractor” há mais de 1 ano. No inicio ele ficou meio ressabiado pela insegurança de não ser permanente, por poder ser mandado embora a qualquer momento. Mas financeiramente compensa, e muito! Principalmente na área de TI, acho, em outras apesar da remuneração por hora trabalhada ser normalmente maior, a diferença não é tanta assim e acaba não compensando. O Thiago eu vejo que foge das vagas de “contractor”, exatamente pela insegurança, pois essas vagas normalmente são pra cobrir uma demanda momentânea da empresa e serão extintas em breve.


3) Casual

O trabalhador casual é pago pelas horas trabalhadas e não tem qualquer vinculo empregatício com a empresa. É o mais comum na área de hospitality (garçom, barista, etc) e nos empregos de cleaners (faxineiro ou limpeza em geral). Não tem direito a férias ou sick leave remuneradas.

Essa hora paga tem que ser mais alta nos sábados, domingos e feriados. Num dos restaurantes que eu trabalhei, p.ex., ganhava $21 p/h durante a semana, $24 p/h nos sábados, $28 p/h aos domingos e $50 p/h nos feriados. Esse valor muito superior nos feriados é o que faz muitos restaurantes que abrem nesses dias cobrar um valor adicional dos clientes pra cobrir os custos com funcionários.



Para finalizar: a principio ser full time não tem qualquer relação com dedicação exclusiva. Muitas empresas em seus contratos colocam uma clausula de exclusividade, mas que só se aplica para o mesmo ramo, p.ex., um engenheiro com contrato de “permanent” e full time não poderá trabalhar como engenheiro em outra empresa ao mesmo tempo. Mas nada impede que ele trabalhe de empacotador no supermercado no seu tempo livre - o que é surpreendentemente comum por aqui. Eu mesma já peguei uns bicos no final de semana de babysitter. O Thiago me comentou outro dia que um arquiteto que trabalha com ele faz bico de caixa do 7Eleven (uma rede de loja de conveniência) nos fins de semana. E por aí vai, isso não é demérito algum e financeiramente compensa, pois mesmo nesses bicos vc ganha pelo menos $20 por hora trabalhada.

Ah, e no caso de “casual” ou “contractor” não há qualquer limitação de dedicação exclusiva.

sábado, 24 de agosto de 2013

Contrato de aluguel (tenancy agreement)

Escrevendo o post anterior me surgiu a ideia desse, pra explicar um pouco como funciona alugar um apto em Sydney.

Acredito que muitas coisas se apliquem pra Austrália em geral, apesar do órgão do governo que vou mencionar mudarem de estado pra estado.

Ainda estou aprendendo e podem ter detalhes/informações que eu não sei, mas vamos ao que eu já sei. Obs: Me refiro a aluguel de apto com imobiliária/proprietário, e não share accommodation ou aluguel de apenas um cômodo. Nesses 2 últimos casos recomendo o Gumtree para buscar o apto, não se esquecendo de SEMPRE pegar ao menos um recibo de todo valor pago e um mínimo de informações por escrito.

Em primeiro lugar, adianto que assinar um contrato de aluguel aqui até certo ponto é bem mais simples que no Brasil, pois os contratos são padronizados pelo governo e as cláusulas variam muito pouco independente da imobiliária/proprietário que vc vai negociar. O departamento de Fair Trading é o responsável por essa regulamentação.

O passo a passo normalmente é assim:

1) Vc pesquisa nos sites de imóveis o apto que deseja (nós usamos o Domain), seleciona por bairro, dá até pra se cadastrar e formar uma lista com sua preferência organizada por preço, data da inspeção, etc. Não é possível alugar um apto sem inspecioná-lo antes, então vc tem que comparecer no dia e local especificado no anúncio (ou enviado a vc pelo agente da imobiliária mediante solicitação). Dependendo do bairro as inspeções podem contar com pouquíssimas pessoas ou uma galera considerável.

O primeiro apto que alugamos era um conjugado e começamos a pesquisar locais na City ou bem perto dela (tipo Surry Hills). Tinha vezes que tinha (sem brincadeira!) mais de 20-30 pessoas pra ver o apto, e depois era um tal de sair todo mundo correndo pra imobiliária pra preencher a aplicação. No Brasil se vc aplica pra um apto vc tem prioridade, aqui não! Eles selecionam a melhor aplicação, mas claro que se vc demorar muito eles podem já ter escolhido outra pessoa (o que acontece muitas vezes em questão de horas). Uma dica pra quem vai alugar o primeiro apto (principalmente se for conjugado/1 quarto e perto da City) é já ir na inspeção com cópia de todos os documentos pra aplicar, o que agiliza o processo.

No anúncio costuma constar, mas quando inspecionar o apto é sempre bom perguntar o que está incluído. Todos os aptos vem com fogão (só varia se a gás ou elétrico), a maioria com dishwasher (apesar de existirem exceções), e muitos vem com dryer (secadora de roupa).

2) Foi na inspeção e gostou? Tem que pedir pro agente que está lá um formulário para preencher (normalmente eles pedem que cada um do casal preencha um formulário diferente, mesmo aplicando juntos, o que eu acho uma imbecilidade e desperdício de papel...). Eu mando tudo por email, o formulário e os documentos, mas pode deixar na imobiliária pessoalmente também.

3) Sua aplicação foi aprovada? É hora de combinar a data de assinatura do contrato e início do tenancy agreement (contrato de aluguel). Como eu disse no início os contratos são padrão, claro vc tem que ler de cabo a rabo, mas dificilmente poderá mudar alguma cláusula.

Os contratos podem ser de 6 meses a 2 anos, sendo o mais comum 12 meses. Nesse um ano tanto vc quanto o proprietário ficam amarrados ao contrato e ao valor do aluguel. Alguns item importantes:


Bond: Aqui não existe a figura do fiador, como no Brasil, todo contrato é assinado mediante o pagamento de um bond (garantia), que corresponde a 4 vezes o valor do aluguel semanal. Esse dinheiro é pago ao proprietário/imobiliária, mas ele tem o dever de depositar o dinheiro junto ao NSW Fair Trading. Quando vc termina o contrato, se não houver nenhum reparo a ser feito no apto, esse dinheiro do bond é devolvido pro inquilino pelo próprio governo (normalmente a imobiliária é quem cuida da papelada, mas se eles não fizerem ou enrolarem, o próprio inquilino pode dar entrada no pedido junto ao NSW Fair Trading).


Premises condition report: é o papel da vistoria inicial do apto, que será usado futuramente pra comparar com o estado em que o apto foi devolvido. Normalmente a imobiliária já tem essa vistoria pronta, te entrega e vc tem 7 dias pra checar e responder dando o ok ou discordando de algum ponto. Eu sou chata e sempre discordo de algo, sempre aponto uma rachadura a mais aqui, uma manchinha ali, pra não correr o risco deles depois quererem colocar isso na minha conta no final do contrato. Ah, e não tem problema algum vc discordar, se for coisa pequena eles nem esquentam; se for maior eles podem querer ir no apto pra checar (o que nunca ocorreu comigo). Esse site tem um ótimo passo a passo e dicas e uma das dicas preciosas é: “The first thing you should do before you sign the lease is read it thoroughly. If there is anything in it which you don’t understand, ask questions.”

No nosso primeiro apto perguntamos mil coisas, ainda mais porque ele era mobiliado e tinha itens que constavam na lista de mobília que nós sequer sabíamos o que significava em português pra checar se estava mesmo no apto. haha


Pagamento do aluguel: outra regra do governo é que seja oferecido ao inquilino ao menos um modo de pgto que não incorra em taxa. Acho que o meio mais fácil é por débito bancário direto, vc pode programar junto ao banco para que os descontos na sua conta sejam semanais. Eu normalmente faço por um dos muitos sites que gerenciam pgtos online, eles cobram uma pequena taxa mas acho mais garantido e eles ainda fornecem o tenancy ledger (que mencionei acima) sem precisar pedir pra imobiliária. Cada imobiliária tem um site que usa, o nosso novo apto será pelo DEFT.


Encerramento do contrato: se o contrato for por prazo determinado e vc quiser encerrar antes sem justa causa (ou seja, sem qualquer quebra do contrato por parte do proprietário), tem que pagar caro por isso. Essa é a regra:

"Breaking your tenancy agreement during the fixed term can be costly. You may have to pay:
• rent until a new tenant takes over or the fixed term period ends, whichever occurs first, and
• a percentage of the advertising costs and the agent's reletting fee (if the landlord uses an agent). For example, if you break the lease 9 months into a 12-month tenancy there is 25% of the lease remaining, so you would expect to pay 25% of these amounts.
If you need to end your agreement early you should give as much notice as you can. The landlord or agent must take all reasonable steps to find a replacement tenant as soon as possible. The more you can do to help, the less you may have to pay. You should make it as easy as possible for the landlord or agent to show the premises to potential new tenants.
If you are concerned that it is taking a long time to find a new tenant, you can check that the landlord or agent is trying to relet the property. Check the agent's website and their list of available rental properties.
The landlord and agent must try to keep your costs to a minimum. For example, if they do anything to make it harder to find a new tenant (such as asking for a higher rent or unreasonably rejecting potential tenants) you may not have to pay the full amount they are asking.
Once the new tenant is found the landlord or agent will request payment for the amount you owe. If you don't pay or if you disagree with the amount, the landlord or agent will usually claim from your bond or apply to the Consumer, Trader and Tenancy Tribunal. Be aware that if you owe more money than the bond your name could be listed on a tenancy database. Such listings can make it difficult to rent again anywhere in Australia.


Se o contrato for por prazo determinado e vc quiser sair justo no fim do contrato, ainda assim tem que dar 14 dias de aviso prévio. Se quiser sair depois do período do contrato, quando ele já está vigorando por prazo indeterminado, o aviso prévio tem que ser de 21 dias.


Cláusulas proibitivas no contrato de aluguel: alguns itens são proibidos de constar do tenancy agreement. São eles:

These are terms which would:
• require the tenant to have the carpet professionally cleaned, or pay the cost of such cleaning, at the end of the tenancy (except as part of a separate arrangement to allow the tenant to keep a pet on the premises)
• require the tenant to take out any form of insurance, such as home contents or public liability insurance
• exempt the landlord, agent or any other person from legal liability for any negligent act or omission
• require the tenant to pay a higher rent, a penalty or some other form of damages if they breach the agreement
• give the tenant a reduced rent or rebate for not breaching the agreement or
• require the tenant to use the services of a particular person or business to carry out their obligations under the agreement, such as a nominated lawn mowing or pool cleaning company
.”

Detalhe que o primeiro item eu já vi exigirem de um amigo, e eu sequer sabia que era ilegal. Também é ilegal cobrarem qualquer taxa pela assinatura do contrato em si ou pela cópia deste que tem que ser entregue ao inquilino.



Basicamente acho que é isso, tem muito mais coisa envolvida, claro. Na dúvida vc pode consultar o departamento de Fair Trading, e o próprio site deles vale a pena a leitura por ser bem completo e ter vários modelos de formulários. Outro site interessante é esse, que foi inclusive onde eu peguei um modelo de aviso prévio. Esse último site tem também informações sobre "share housing".

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Mudança de apartamento (de novo)

Estamos há pouco mais de um ano no nosso apto em Rosebery, um subúrbio perto da City. Só que queríamos mudar para um apto maior, de 2 quartos, pra acomodar melhor eventuais visitas e já ir pensando no bairro que iremos ficar de forma mais definitiva quando decidirmos comprar um apto (o que espero ocorra em alguns poucos anos, jogar o dinheiro do aluguel todo mês no lixo me dá uma tristeza...). O problema é que a área que moramos é mais cara exatamente por ser perto da cidade, e não íamos poder comprar mesmo por ali entao não faz sentido continuar ali de aluguel pagando caro por apenas 1 quarto.

Desde que chegamos em Sydney já pensávamos em ir pro sul, na direção de Cronulla beach. Gosto muito do norte, mas os preços são mais altos; o oeste está fora de cogitação, implicamos mesmo - por ser longe da praia, por ter muitos bairros com prédios velhos, enfim, fora de cogitação.

Começamos a procurar despretensiosamente, já que não temos pressa de nos mudar pois o contrato que temos está vigorando por prazo indeterminado. Só que no ultimo sábado vimos um apto em Sutherland que preenchia todos nossos requisitos (que não eram poucos: fogão a gás, secadora e dishwasher incluídas, prédio com elevador, varanda grande, se possível 2 banheiros, perto da estação de trem, com garagem, ufa!), com um preço bom (vai rolar até uma economia, pois vamos pagar por um 2 quartos menos do que pagamos hoje por 1!), e resolvemos aplicar despretensiosamente.

Não é que a coisa vingou em menos de 24 horas??? Engraçado isso: ano passado quando chegamos em Sydney era um custo alugar apto, ninguém aceitava nossa aplicação, tínhamos que juntar trocentos documentos pra tentar mostrar que éramos solventes (tínhamos $$ pra pagar o aluguel). Já agora, mandei apenas as nossas carteiras de motoristas, pay slip (contra-cheque), conta de luz, tenancy ledger (tipo um comprovante de pgto do aluguel) e eles nem ligaram pra nenhuma das referências que demos!

Enfim, agora vai ser uma correria para fazermos a mudança em exatos 18 dias, fora toda aquela chatice de mudar endereço em mil lugares, coordenar tudo, pedir a transferência da internet, luz, gás (já to antecipando a dor de cabeça que nem da última vez...), empacotar, fazer vistorias, oh my... E pensar que essa já será a 4 mudança em menos de 20 meses! Com o agravante de que agora temos muito mais tralha coisa. Já fico cansada só de pensar...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Malhação em inglês

Eu sempre fiz exercício no Brasil. Fazia ioga há anos, e em momentos diversos já fiz aula de tecido (acrobacia aérea), natação, vôlei de praia (tá, esse último só uma aula experimental, não continuei pois não chegaria a tempo depois do trabalho), já corri no Aterro do Flamengo e na Praia de Copacabana (quando morava perto de tais bairros) e até tentei academia uma vez, mas não durei 3 meses – odiava o clima de academia, odiava levantar peso, odiava as aulas de localizada.

Aqui em Sydney sempre reparei que as pessoas são muito ativas, correm na rua/parques, andam de bicicleta, nadam nas piscinas públicas, e isso mesmo no inverno, o que me deixou chocada ano passado quando éramos recém chegados na cidade. Enquanto no Brasil eu era a exceção entre meus amigos no quesito exercício físico (na minha roda de amigos a maioria era sedentária), aqui se vc é sedentário vc é a exceção.

Tentei voltar pra ioga, mas ia sair mais caro e temos um plano de economizar para alguns projetos futuros. Tentei os exercícios ao ar livre, mas no bairro onde moro o parque grande mais próximo demandaria pegar um ônibus ou ir de carro, o que inviabilizaria uma freqüência semanal. Fora que no inverno escurecendo cedo e com a temperatura caindo para 10 graus fica difícil fazer exercício ao ar livre a noite depois do trabalho...

Um dia parei de inventar desculpa e decidi encarar a academia, naquele esquema “não tem tu vai tu mesmo”. Depois de pesquisar várias e achar tudo muito caro (sim, eu sei que no Brasil também é caro, mas eu sou econômica desde sempre pão dura, fazer o que...), acabei recebendo a dica de uma chamada All Sorts Fitness perto de onde moro que sai no melhor custo/beneficio em razão de:
- não ter que pagar inscrição ou taxa de cancelamento, nem fazer plano fixo de meses para poder pagar um valor mais baixo (minha experiência no Brasil me custou 6 meses de plano e nem 3 de freqüência...)
- custar apenas $75 por mês incluindo acesso aos aparelhos de musculação + aulas de fitness (tem várias, entre localizada – que aqui se chama body pump –, zumba, body attack, MMA, etc) + piscina aquecida. Nas academias mais famosas (Anytime Fitness, Fitness First & Jetts) vc até paga uns $60-$75 por mês, mas só tem acesso aos aparelhos, além de ter que pagar inscrição, cancelamento, etc.

Comecei em janeiro, e tirando maio e julho que tive que parar por motivos de força maior (no primeiro a costela quebrada, no segundo a viagem pro Brasil), estou mantendo firme e forte minha rotina de exercícios pelo menos 3 vezes por semana. Tem semana muito ruim que acabo indo só 2 vezes, mas tento compensar dando uma corrida no parque no fim de semana. E tem semana que estou inspirada e vou até 5 vezes na academia, e ainda corro no parque. Ufa! O mais curioso é que aprendi a gostar da academia, e hoje sinto falta quando não vou. Gosto até de musculação, as vezes acho que fui abduzida e colocaram uma marombeira no lugar... haha

Agora estou empolgada para começar a correr nos diversos eventos que tem em Sydney todo ano. Como normalmente acontecem no outono/inverno, quando as temperaturas estão mais baixas, perdi a maioria desse ano. Só deu tempo de me inscrever pro Blackmore Bridge Run Festival, uma corrida que atravessa a Harbour Bridge. Claro que ainda não tenho capacidade de correr a maratona (40km), nem mesmo a meia (20km), então me inscrevi na Bridge Run (9km). Abaixo o mapa do percurso.


Faltam praticamente 4 semanas para a corrida, e pra não fazer feio (leia-se não conseguir completar ou pagar mico de ficar caminhando como se estivesse arrastando corrente), comecei a focar meus treinos na academia com foco na corrida. Semana passada exagerei e fui 4 dias seguidos, o que me deixou com uma baita dor nas costas/pernas e 2 dias de molho.

Voltando ao assunto academia, claro que paguei vários micos no começo com os termos em inglês. Se eu não sei os termos nem em português, imagina ter que discutir o programa de exercícios e os aparelhos em inglês... No dia em que o instrutor da academia foi me mostrar a primeira serie, foi uma desgraça... Eu não conhecia aparelho nenhum, nem em português, ai ele começava a explicar a série com os termos em inglês e eu boiando... Tinha que rolar uma explicação visual e mesmo assim teve um exercicio especifico pro bíceps que eu não decorava de jeito nenhum, no final liguei o foda-se e pedi a ele pra fazer uns desenhinhos básicos na minha ficha com os movimentos pra eu não esquecer. Ele fez, e durante meses eu ficava lá seguindo os bonequinhos toscos desenhados... haha



Agora to um pouco melhor, mas confesso que sempre que mudo de série rola um apelo básico ao youtube ou Google imagens pra ver como se faz determinado exercício. O curioso é que mesmo quando eu falo algo errado em inglês ninguém me corrige, todo mundo parece entender. Eu é que quando descubro que falei uma imbecilidade fico me martirizando. Acho que eu devia ligar mais o botão do foda-se... rs

O que aprendi basicamente foi:

- academia – “gym”
- esteira – “treadmill”
- série (de exercícios) – “program” (eu falava “series” direto, não sei como me entendiam... rs)
- musculação – eu no inicio chamava de “bodybuilding”, achava que era o sinônimo de musculação no inglês (e ninguém me corrigia). Mas não é... “Bodybuilding” é usado como sinônimo de fisiculturismo. O que se diz em inglês como sinônimo do que chamamos de musculação é “training”, normalmente “weight training” (treinamento com peso)
- malhar (em geral) – “work out”
- malhar com foco em levantar peso – “to pump (iron)”
- halteres – “dumbells”
- supino reto – “bench press”
- rosca direita – “curl”
- barra (de peso) – “t-bar row”
- tríceps no banco ou paralelas – “dips”
- levantamento terra (nunca tinha ouvido isso em português, mas agora faz parte da minha série então uso direto) - “deadlift”
- abdominal – “abs” (na verdade o nome completo é abdominal em inglês também, mas todo mundo fala “abs”). Se for o tradicional, usa-se “crunch”. Se for o obliquo, “ obliques”; obliquo com bola de peso é “oblique with balltwist”.
- flexão – “push-up”
- agachamento – “squat”
- aquecimento – “warm-up”

Tem muito mais, claro, mas muitos eu sequer sei o nome em português, quanto mais em inglês. Nesse site aqui tem muita informação em inglês e dá pra clicar na parte do corpo que se quer exercitar (feminino ou masculino) e aparece foto/vídeo do exercício com o nome em inglês - bem útil.

O duro ainda é quando rola uma rodinha de conversa no trabalho sobre malhação. Tem uma menina que trabalha comigo que levanta peso pesado (desculpe o pleonasmo), chega até a participar de competição. Entre os advogados, praticamente 90% deles faz academia, alguns com treinamento pesado e participação em maratonas regularmente. Como no escritório tem banheiro com chuveiro, muitos saem no almoço pra correr/fazer padling/andar de bicileta/malhar e depois retornam ao trabalho. Fora quando vem pro trabalho ou vão pra casa correndo e/ou pedalando. Aí vira e mexe rola uma conversa sobre o treino que cada um faz, e eu ainda me enrolo pra detalhar exercícios em inglês, mas dá pra dar uma boa enrolada. É, acho que existe luz no fim do túnel pra mim... :)

P.S.: Depois de muita insistência encheção de saco, o Thiago finalmente aderiu a academia comigo. Não no mesmo ritmo de maromba que eu, mas quem sabe no futuro... Baby steps...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Momento de desabafo

Não sei se é um hábito comum a todos os australianos, ou mesmo se é aceitável (quem tiver outros exemplos/insights sobre o assunto deixe um comentário), mas a secretária que trabalha no meu escritório está sempre cortando as unhas no trabalho!!

Acho nojento ficar cortando a unha em público, fora que aquele barulhinho do cortador me irrita! haha

Tudo bem que ela nem é australiana, mas mora aqui há 20 anos, e se faz isso no meio do escritório certamente acha aceitável e as outras pessoas devem achar também. Um amigo já me disse que no escritório dele acontece a mesma coisa, tem um cara que vira e mexe está cortando as unhas no meio do office, na maior tranqüilidade, como se estivesse em casa.

Tá, assunto nada a ver, mas acabou de acontecer e eu precisava desabafar... haha

domingo, 18 de agosto de 2013

Sotaque australiano

Muita gente reclama que não consegue entender o sotaque dos australianos. Eu, curiosamente, nunca tive maiores problemas, mas reconheço que alguns australianos (principalmente os do interior) são mais difíceis de entender. Entender pelo telefone, então, é uma arte que só melhora com o tempo.

No inicio eu ficava tensa toda vez que tinha que falar com alguém pelo telefone. Hoje em dia entendo 100%. Um bom treino é assistir aos canais abertos da TV australiana, principalmente as notícias. A minha dica é um programa chamado The Project, no Channel 10, que passa todo dia da semana as 6:30pm e dura 1 hora. Trata-se de um programa de notícias, mas são 4 apresentadores e eles não só relatam as notícias como as comentam de uma forma mais descontraída, as vezes até fazendo piada. No inicio vc pode não entender nem 20% do que é dito (pois eles falam rápido e com o famoso sotaque), mas com o tempo vai treinando o ouvido.

Aos poucos estou desenvolvendo o meu sotaque australiano também, pois facilita e muito pras pessoas te entenderem se vc fala mais parecido com elas.

Quem quiser aprender o sotaque australiano, recomendo esse vídeo no youtube: "The Australian Accent", no canal do "andysunstory".

Em tempo: o vídeo parece piada, mas o sotaque é assim mesmo! haha

sábado, 17 de agosto de 2013

Cinema

Não sei se já disse aqui mais sou cinéfila, daquelas viciadas mesmo em cinema, que já chegou ao cúmulo de tirar férias uma vez na época do Festival do Rio (de cinema) só pra poder ter tempo livre pra comprar o passe de 30 filmes e mesmo assim ficar deprimida por não ter conseguido assistir os outros mais de 200 que estavam em cartaz nas curtas duas semanas do festival.

Ultimamente ando meio parada, seja por falta de tempo, grana ou preguiça mesmo, o que sempre é motivo pra eu me recriminar e prometer que no mês seguinte retomo o pique.

Em casa, logo que chegamos e assinamos a internet ilimitada, comecei a baixar filmes e seriados (esses últimos a minha perdição também, e em parte os culpados de eu não ver mais tanto filme – como dedicar 2 horas pra um filme quando o seriado de 20-40 minutos está ali me tentando?). Logo na primeira semana recebemos um email ameaçador da TPG (nossa provedora de internet):





Nunca tinha ouvido falar disso no Brasil, e parece que mesmo aqui na Austrália outros provedores não tomam a mesma atitude com relação a download, só o nosso mesmo. O fato é que pegamos trauma da ameaça e nunca mais baixamos nada, agora assistimos tudo online. Isso dificultou um pouco ver filme, pois é difícil achar um provedor bom de filme online. Uma opção boa que existe aqui são uns quiosques da Hoyts onde vc aluga filme na máquina (escolhe na tela e paga com cartão de débito/crédito). Custa $3.5 por filme e vc pode ficar com o DVD por 24 horas. Foto abaixo:



Claro que ainda assim sintia falta do cinema... As redes mais conhecidas aqui são:

1) Hoyts: nunca fui e nem tenho vontade, bem estilo blockbuster/cinemão comercial americano. Ingressos a $16.

2) Palace Cinema: também nao fui ainda, mas sei que eles tem muitos festival de cinema estrangeiro (leia-se, não americano).

3) IMAX: ele garante ser “the world’s biggest screen” e, realmente, a tela é gigante! Pra ver 3D é ótimo, assistimos o Star Trek novo lá e foi sensacional! O duro é pagar $31.5 por pessoa pelo ingresso... Eu acho um roubo, só fui mesmo porque quando estudava no TAFE podia comprar ingresso a $20. Ah, além do cinema ter a tela gigante fica localizado em Darling Harbour, o que é ume espetáculo a parte e ótimo programa seja de dia ou de noite.

4) Event Cinema: já fui no de Bondi (dentro do shopping Westfield) e não curti, bem estilo blockbuster/cinemão comercial americano. Ingressos a $19 por pessoa. Next!

5) Dendy: o meu xodó! Primeiro porque é cinema de rua, segundo porque passa filmes mais alternativos (além de também passar festivais diversos) terceiro que é mais barato que os demais (por causa do clube Dendy que temos), e pra completar fica em dois locais ótimos: um no Circular Quay e outro em Newtown. Já fui no de Circular Quay, que é ótimo, mas atualmente vamos mais em Newtown. O ingresso normal custa $18, mas fizemos uma carteirinha (pagando $9 de taxa por ano) e com ela podemos comprar ingresso a $13. Fora que recebemos um cartão de fidelidade e a cada 3 filmes ganhamos um ingresso de graça.





Curiosidades sobre o cinema na Austrália:

1) Não sei se é em todos os cinemas, mas no Dendy pode entrar com bebida alcoólica na sessão. Thiago sempre reclama que quer comprar uma taça de vinho para assistir filme com a cara da riqueza. haha

2) Tudo bem passar comercial antes do filme – no Brasil isso também acontece. Mas aqui o número de comercial é uma coisa absurda! Sério, dura pelo menos 10 minutos, o que parece uma eternidade! E é de tudo quanto é tipo, e ainda naquela qualidade podre dos comerciais australianos. Ninguém merece...

3) Nos cinemas maiores o controle é igual no Brasil, mas no Dendy vira e mexe sequer tem alguém pra recolher os tickets na entrada. Entra quem quiser, na hora que quiser, uma loucura. Mas claro que ninguém tenta burlar e entrar sem ticket, afinal, educação vem de berço. :)

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Custo de vida em Sydney

Esse tópico é recorrente toda vez que recebo um email de brasileiro querendo vir pra cá. Começo dizendo que acho o assunto cheio de muitas variantes. Chegar a uma média mensal vai depender de dezenas de fatores como:

- cidade da Austrália em que se quer morar. Sydney e Melbourne são as mais caras, mas tenho ouvido muitas reclamações sobre o encarecimento de Perth, por exemplo.

- padrão de vida que cada um considera mínimo. Enquanto alguns se contentam em morar em shared accommodation, outros fazem questão em um apto individual. Enquanto pra uns carro é essencial, pra outros é supérfulo, e por aí vai.

- se vc é estudante ou residente. O estudante normalmente vive com menos, o foco é se manter com o mínimo e juntar dinheiro para viajar. Já quem vem como residente quer construir uma vida aqui, uma família, então claro que as expectativas (e consequentemente gastos) são maiores.

No blog do Jerry (http://www.brazilaustralia.com/quanto-custa-viver-na-australia/) ele fez uma estimativa de $1600 dólares por mês (arredondando), por pessoa, o que eu pessoalmente acho que se aplica mais a estudantes do que residentes.

Vamos a minha opinião: se vc é um casal com visto de residente, mora num bairro razoavelmente perto do Centro de Sydney, tem carro, plano de saúde privado, come fora pelo menos uma vez por semana (durante a semana leva comida de casa pro trabalho pra economizar), vai ao cinema/teatro 1 vez por mês, viaja uma vez por ano (nem que seja pro Brasil), não gasta menos de $4500 dólares o casal ($2250 por pessoa). E isso que eu estou estimando muito “por baixo”!

Vamos a planilha:


Aluguel $2000
Luz $100
Gás $50
Plano de saúde $200
Seguro do carro $100
Combustível $60
Pedágio + estacionamento $30
Transporte publico $230
Celular $125
Internet $60
Supermercado $400
Academia $150
Refeições $400
Entretenimento (bar, cinema) $200
Viagem pro Brasil $400
Total $4505


Pequenos esclarecimentos:


1) Aluguel: nos bairros próximos do Centro vc não consegue um apto de 1 quarto por menos de $450-$500 por semana. Na dúvida, pesquise no Domain e vá escolhendo os bairros pela localização.

2) Luz: a conta é trimestral e normalmente fica entre $200-$300 para um casal que trabalha integral durante a semana. Esse valor varia e é mais alto, por exemplo, no inverno se vc usar um aquecedor.

3) Gás: a conta também é trimestral e fica em torno de $100-$200 nas mesmas condições acima.

4) Plano de saúde privado: muita gente não faz e fica só com o Medicare gratuitamente fornecido pelo governo. Eu não recomendo, veja minhas experiências aqui.

5) Seguro do carro: o valor mínimo mensal fica em torno de $100, mas leve em consideração que uma vez ao ano vc terá que fazer a revisão e pagar um outro seguro exigido pelo governo. A nossa revisão desse ano girou em torno de $800.

6) Combustível: é caro (+/- $1.47 por litro) e o baixo valor que eu contabilizei leva em conta usar o carro só no final de semana.

7) Pedágio + estacionamento: existem vários pedágios espalhados pela cidade, pra atravessar a ponte para o norte de Sydney, p.ex., paga-se até $4.00. Tem que ficar ligado também que não existe caixa para recolher dinheiro no pedágio, vc tem que ter um “electronic tag or casual user pass” (um dia faço um post sobre isso). Estacionamento também é pago nas principais ruas de movimento, e tem várias regras e preços (também falo disso um dia, me cobrem. rs). Como nos fins de semana costumamos sair de carro, passear pela cidade, parar em algum restaurante, bar, cinema, etc, esse valor entra na nossa planilha mensal.

8) Transporte público: Esse valor leva em conta um comprando o ticket só de ônibus (my bus 2) e outro o de trem + ônibus (my bus 2), como acontece no nosso caso. Esse valor pode aumentar ou diminuir dependendo do meio de transporte e distancia percorrida.

9) Celular: contabilizei o pacote que usamos da Vodafone, que engloba $750 minutos mensais de ligação + 1.5Gb de dados + $5.00 mensais pelo iphone. Again, esse preço pode ficar mais barato/caro dependendo do provedor (opções mais comuns: Vodafone, Optus, Telstra) ou plano escolhido.

10) Internet: no nosso caso optamos pela TPG que foi a única que achamos com internet ilimitada por $59.99 mensais (e ainda vem de bônus a linha de telefone fixo).

11) Supermercado: quando chegamos aqui só comprávamos no Aldi, o mercado mais barato, e só os produtos genéricos (tipo Regal ao invés de Coca-Cola... haha). Atualmente fizemos um upgrade pro Coles (que me parece que é o segundo mais barato - seguido pelo Woolworths e por ultimo o IGA) por pura preguiça. Coloquei uma estimativa por baixo de $400, levando em conta um casal que cozinha em casa para pelo menos 6 dias na semana, café/almoço/jantar. Esse valor pode variar pra cima ou pra baixo (e muito) dependendo das opções pessoais. Se vc estiver na duvida, faca uma simulação no site dos supermercados, se não me engano o Coles e o Woolworths tem essa ferramenta.

12) Academia: pagamos $75 mensais cada um numa academia perto de casa que é a mais em conta que vi até hoje por aqui pelo custo beneficio, pois engloba aparelhos de musculação + aulas de fitness em geral + piscina aquecida. As mais comuns aqui em Sydney são a Fitness First e Jetts (mais um assunto que está na minha lista de posts futuros...).

13) Refeições: estimei $100 semanais por casal, o que não é muito pois comer fora custa caro em Sydney. Claro que varia muito pelo tipo de comida, bairro, etc. Em pubs, p.ex., vc consegue comer por $10 por pessoa + bebida. Em restaurantes normais, um almoço pra casal não sai por menos de $50.

14) Entretenimento: estipulei só $50 por semana, o que, believe me, é pouco. Uma cerveja custa entre $5-9 dólares, então pra quem bebe os gastos aumentam e muito. Cinema varia de $11-30 por pessoa, depende do tipo de cinema, dia da semana, se é 3D, etc.

15) Viagem anual pro Brasil: contabilizei $2000 de passagem por pessoa, mais $800 pra gastar na viagem (o que, again, me parece pouco). Esse é o preço normal da passagem, mas claro que sempre tem desconto, a nossa desse ano pagamos $1400 por pessoa. Contabilizo isso dividido por 12 meses, pra dar uma média que tem que ser reservada no orçamento mensal pra essas viagens anuais.

Lembrando que esse é só o orçamento básico e essencial, pois claro que se gasta mais, como p.ex. com móveis/objetos de decoração eventualmente, dentista (que não é coberto pelo Medicare e mesmo o plano privado só cobre uma parte – mais um assunto que vou ficar devendo pra um próximo post), farmácia, eventuais exames não cobertos totalmente pelo Medicare (como o papanicolau feminino – que no Brasil é anual e aqui a cada 2 anos), etc etc etc.

Olha que esse orçamento fiz super por baixo, acho que no dia-a-dia um casal médio gasta até mais que isso. Mas também tem gente que vive na economia paodurice e gasta menos. Enfim, foi só um parâmetro básico.

Dito isso, mesmo que quase $2500 por mês, por pessoa, pareça muito, vale dizer que o salário mínimo na Austrália é de $622 semanal (quase $2500 mensal) e mesmo quem trabalha de garçom, se trabalhar 8 horas por dia (5 vezes na semana) consegue tirar tranquilamente $3000 mensal (na verdade tira até mais, pois a média é de $20 por hora, mas no fim de semana tem lugar que paga até $30 + gorjeta).

Resumo do longo post: quem vem pra cá com visto de residência não precisa se preocupar em conseguir se sustentar por conta do alto custo de vida. Dá e sobra! Não dá pra ficar rico com o salário médio da maioria das profissões (talvez com os de IT até dê... haha), mas dá pra levar uma vida confortável. Pelo menos considero mais fácil do que a vida no Brasil, onde o poder de compra é bem menor (o dinheiro rende menos no mês). Claro que tem gente que ganha salários altíssimos no Brasil, como também tem aqueles que ganham muito pouco, mas estou seguindo uma média.

Nossa, esse post imenso me deu trocentas ideias de assunto para os proximos... O duro vai ser arrumar tempo...

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Eye test

Como toda quatro olhos, e depois de muito enrolar, finalmente fui fazer meu exame de vista anual (que nesse caso eu não fazia desde que saí do Brasil).

Aqui na Austrália a coisa funciona um pouco diferente do Brasil, por dois motivos básicos:

1) O exame é feito na loja onde vc compra o óculos, não no consultório médico;
2) O Medicare (plano de saúde do governo) cobre o exame e alguns planos de saúde privados cobrem também os óculos e a lente (até um limite, dependendo do plano escolhido). Lembrando que eu falo da minha perspectiva com o visto de residência, não sei como funciona para outros tipos de visto.

No meu caso marquei no Specsavers, que é uma das lojas de óculos maiores e mais famosas na Austrália, com dezenas de lojas espalhadas por todo o país. A rigor vc pode chegar lá e ser atendido na hora, se tiver um funcionário disponível, mas muitas lojas vivem lotadas, principalmente no fim de semana. Então marquei antecipado, fiz um pré-agendamento no site e em menos de 24 horas me ligaram para confirmar os dados e o dia e horário.

Chegando lá vc termina o cadastro, apresenta o cartão do Medicare e vai pro exame de vista. Como sempre fiz esses exames no Brasil, desde criança, posso dizer que me impressionou como aqui eles são mais meticulosos. Além daquele exame clássico pra avaliar o grau, vc também passa por mais 2 máquinas que avaliam a pressão do olho, a resposta a luz, teste de glaucoma e outras cositas mais que eu não saberia descrever nem em português (nem em inglês). Tinha até um exame pra ver se existe estrabismo, ainda bem que os meus olhos vesgos de criança já se endireitaram... rs

No meu caso, a optometrista que avaliou meus exames disse que tinha uma pequena anormalidade no teste de glaucoma e perguntou se eu tinha histórico dessa doença na família. A imbecil aqui confundiu as doenças em inglês e respondeu que sim, no que ela disse que iria fazer exames mais detalhados (também cobertos pelo Medicare) para avaliar melhor. Logo em seguida eu me dei conta da minha imbecilidade e corrigi a informação, não era histórico de glaucoma, e sim catarata. Mesmo assim ela disse que não custava fazer esse teste mais detalhado e acompanhar no decorrer dos anos pra ver se vai ocorrer alguma variação e se for o caso usar um colírio preventivo. Achei super detalhista e fiquei bem impressionada com a preocupação deles.

Como meu grau não tinha mudado quase nada, ela disse que eu não precisava fazer novos óculos (detalhe: aqui eles chamam o óculos de grau de “spectacles”, apesar de “glasses” também ser usado em menor grau). Só que como o plano de saúde privado cobre $150 anuais em armação e lente, e eu já ando de saco cheio de pagar esse plano privado que não cobre quase nada resolvi usar a cota que tenho.

Fiz um óculos de grau + um de sol com grau também (coincidentemente os dois da seção masculina, não sei porque achei os femininos todos "boring" - se clicar no óculos coloquei o link pras fotos deles.). Tudo, incluindo a armação e lente saiu adivinhem quanto? Zero! O plano cobriu tudo, e olha que tem muitos óculos de marca entre os que vc podem escolher nesse pacote. Tá, pra não dizer que cobriu tudo paguei $37 “out-of-pocket” (por fora) porque escolhi uma lente antireflexo. Mas se quisesse a lente comum saía tudo de graça.

Convenci o Thiago a fazer o exame também, mesmo ele nunca tendo precisado de óculos, afinal é de graça, né? haha Acabou que ele tem um leve grau para perto, a famosa vista cansada mais conhecida como “a velhice chegando”. Infelizmente com esse tipo de grau ele não podia fazer o de sol, então fez 2 óculos de grau também sem pagar nada (esses aqui e aqui).

A título de curiosidade: os graus de correção visual aqui são iguais ao Brasil (negativo para miopia, positivo para hipermetropia, com as variacoes de 0.25, 0.5, 0.75, 1, etc), só muda o nome dos problemas visuais. Os mais comuns são (em inglês, mas coloquei o equivalente em portugues pra facilitar):

I. Short Sight (miopia)
If you can see close objects clearly but have trouble focusing on objects in the distance, you are probably short sighted or have myopia. You may find it difficult to read signs, watch television or recognise people walking down the street towards you.

II. Long Sight (hipermetropia)
When long sighted, your distance vision is good, but you have trouble with closer objects, which appear blurred. Other symptoms include eye fatigue, headaches and aching eyes, especially after reading or working on a computer. Experiencing difficulty seeing characters when texting may also be a sign of hyperopia or long sight.

III. Irregular Shaped Eye (astigmatismo)
Most people don’t have a perfectly shaped cornea. However, when the curve is pronounced, your vision may be blurred and this is known as astigmatism. This is very common and is not a disease.

IV. Age Related Long Sight (vista cansada)
If you’re over 40 years of age and notice that it’s becoming difficult to read the menu in a low lit restaurant, or if you have to extend your arms when reading a book or sending a text, you’re probably suffering from presbyopia. This is a natural part of growing older and occurs when your eyes lose their ability to bring close objects into clear focus.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ah, o Rio...

No início de julho tiramos nossas primeiras férias e fomos visitar o Rio, que não íamos desde que nos mudamos pra cá há 18 meses. Eu fiquei 2 semanas, e o Thiago 3. No meu caso devo dizer que não foi o suficiente, como o vôo é longo fiquei apenas 11 dias realmente na cidade, e foi tudo uma correria só.

Passei uma semana dormindo menos de 4 horas por dia, sem conseguir comer direito pois com a ansiedade + falta de sono a gastrite atacou com tudo, e correndo que nem uma louca pela cidade para conseguir ver todos os amigos + família. Resultado: uma forte gripe no retorno a Sydney que me obrigou até a tirar um sick leave no trabalho, além de uma baita ressaca emocional por ter que me despedir de todos novamente... :(

Quem já mora aqui há um tempo diz que não vale a pena ficar muito tempo no Brasil pois depois de 1 semana vc já reviu todo mundo e fica repetitivo. Fora que eu mesma dizia que não queria ficar muito tempo pra não gastar todas as férias no Brasil e ficar sem tempo pra viajar pra outros lugares, conhecer a Europa e a Asia, p.ex. Poder ser que eu me sinta assim daqui a uns anos, mas essa ida me fez ver que pelo menos nesse começo de adaptação por aqui não vai ter jeito, a estadia no Brasil terá que ser mais longa. Família e amigos ainda fazem muita falta, e essa viagem foi realmente especial.

Continuo feliz com a minha vida em Sydney, não penso em voltar pro Brasil (os problemas de falta de qualidade de vida continuam lá), mas passar as férias no Rio é um sonho, me senti a própria turista aproveitando só o que de melhor a cidade tem a oferecer: o sol e calor (mesmo em pleno inverno), a alegria e ginga do carioca, a música, os barzinhos, a praia, a Lagoa, a Urca, ai ai...

Turistando no Rio de Janeiro:




Beber uma cerveja na Lapa, não tem preço!




Jardim Botânico




Tem coisa mais linda que o Cristo onipresente?




Lagoa Rodrigo de Freitas num lindo entardecer




Brunch + amigos, seguido por uma praia (Ipanema) em um lindo domingo de sol (abaixo)








Feijoada da Casa Rosa, uma das minhas preferidas, com direito a samba, forró, funk e MPB, tudo junto e misturado. Tem coisa melhor?




Sorvete de tapioca com calda quente de goiabada cascão + caipirinha. Hum...










Urca em outro domingo de sol sensacional.




Que saudade de água de coco geladinha...




E de mate + joelho...


Pra encerrar, Santa Teresa, com suas ruas estreitas, seus botequins (Thiago e seu pastel de feijão que o digam), seus restaurantes super charmosos... Posso suspirar de novo? ai, ai...















Tem como não amar o Rio? ;)


sábado, 3 de agosto de 2013

Aproveitando o inverno

E eis que chega o dia em que vc percebe que o frio não te limita mais a hibernar, a querer ficar trancada em casa.

Vc sai com amigos, faz churrasco em pleno inverno, aproveita um dia de sol mesmo com 10/15 graus, chega até a curtir o clima friozinho da noite sem reclamar (o que pra uma carioca convenhamos que é uma heresia). Quem diria...

Com vcs, o inverno:


Um dos meus bares preferidos, o Opera Bar, pela linda vista.



Na foto não dá pra ver o bar em si, eu sei. Aqui está ele:





Thiago e seu drink de kiwi com saquê num restaurante japonês que descobrimos por acaso em Newtown (numa das muitas idas ao nosso cinema preferido, o Dendy) chamado Wagaya Tapas. Super recomendo, comida japonesa moderna, vasto menu (que vc seleciona num ipad, muito lúdico) e preço bem em conta.





Passeando num domingo de sol (e frio) por Watsons Bay, buscando um local para tomar um brunch (o que acabou se tornando almoço pelo adiantar da hora), paramos nesse charmoso restaurante a beira da baía, o Watsons Bay Hotel.





Pensávamos que a churrasqueira ficaria aposentada por causa do frio, ledo engano! Acordamos um domingo com desejo de fazer churrasco de peixe, fomos cedo no fish market e voilá!



Com direito a lagosta na brasa de jantar, a luz de velas e com espumante. Como somos chiques! rs





Pra encerrar, duas fotos fresquinhas que tirei hoje voltando de um passeio pelo sul de Sydney a procura de casa para alugar (pensamos em nos mudar em breve, mas isso é assunto para outro post). Amo pôr-do-sol!