sexta-feira, 31 de maio de 2013

Pontes

Se tem uma coisa que eu amo em Sydney são as pontes, não me canso de admirá-las sempre que passo de carro.

Hoje o post é dedicado a elas!

A famosa Harbour Bridge:




E vista “de dentro”:






Anzac Bridge:






Sylvania Bridge:

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Revelação de fotos

Estávamos há um tempão querendo revelar umas fotos e sempre adiávamos. Nosso intuito na realidade era fazer mais dos fotolivros que fizemos uma vez (tipo esse – link), mas dá muito trabalho montar o álbum digital e isso fazia o projeto ser ainda mais adiado.

Eis que o Thiago deu uma louca e resolveu começar a imprimir as fotos, que já acumulam muitas centenas (deve ter uns 5 anos que não imprimíamos nenhuma). Descobrimos que tinha esse serviço no Officeworks e lá fomos nós.

Antes que eu pareça uma caipira que nunca viu tecnologia, devo esclarecer que esse serviço que usamos no Officeworks eu nunca tinha visto no Rio. Pode ser que já exista e eu é que ando desinformada mesmo...

Funciona assim e é tudo self service: vc chega num dos computadores, encaixa seu pen drive (ou cd, ou memory stick, ou cabo do iphone, etc), seleciona as fotos que quer ver impressas, o tamanho, ajusta a imagem se quiser (gira, aumenta/diminui brilho, e outras poucas coisas mais), inclui no carrinho de compras e pronto! Sai impresso um papel com o valor, vc leva no caixa, paga e volta na mesma máquina pra pegar as fotos que são impressas na hora.

Fiquei tão impressionada que até tirei fotos! (caipira mor, eu sei...)


O tal computador:




Entrada para conectores mil:




Por onde saem as fotos:




Por esse serviço de foto impressa na hora pagamos $0.19/cada. Se vc estiver sem pressa e quiser esperar mais 5 a 10 minutos, escolhe uma das outras máquinas não expressas e paga $0.10/cada.

Tem ainda mil outros serviços no site da Officeworks. Não gostamos muito da qualidade da impressão deles, especialmente porque as fotos que imprimimos foram tiradas com câmeras de alta qualidade (como a GoPro), então a qualidade das fotos digitais era bem superior ao que foi impresso. Nada muito gritante, porém, para fotos normais quebra um bom galho e sai barato.

Estamos pesquisando uma outra empresa que além de fazer esse serviço de impressão também imprime foto ampliada em forma de quadro (estilo canvas). O Thiago achou uma empresa no EUA – que eu queria evitar por causa do frete – e outra aqui na Austrália, quando experimentarmos volto aqui pra contar se vale a pena.

terça-feira, 28 de maio de 2013

100 Points ID

Assim que vc chega pra morar na Austrália, ao primeiro serviço que se tenta contratar, seja abrir conta no banco, seja comprar um celular, seja alugar um apartamento, o termo que vc vai mais ouvir é o tal “100 points ID”.

Isso nada mais é do que um checklist para a outra parte ter a certeza que vc é vc, ou seja, comprovar sua identificação. Para quem vem como estudante, as vezes pode ser difícil alcançar o tal 100 pontos, mas pro residente costuma ser mais fácil. O problema é que pra algumas coisas, como alugar um apartamento, os tais 100 pontos não são suficientes, “ganha” o aplicante que tiver mais pontos no total, o que significa maior garantia pra eles de que vc vai ser um bom pagador.

Basicamente a tabela de pontuação é a seguinte:




Algumas empresas/imobiliárias restringem mais essa lista de documentos que podem ser considerados, então vale perguntar caso a caso.

Outro detalhe é que se precisar autenticar documento, aqui não tem os burocráticos e caros cartórios como no Brasil. Existem pessoas (profissões) que tem poder de autenticar documentos, e o fazem de graça. São eles:

• Bail Justice
• Barrister
• Commissioner for Affidavits
• Commissioner for Declarations
• Commissioner for Oaths
• Judge
• Justice of the Peace (must show registered number)
• Medical Practitioner (registered under the Medical Practice Act 1992)
• Minister of Religion authorised to celebrate marriages (but not merely a marriage celebrant)
• Police Officer (of the rank of Sergeant or the highest ranking officer in the station)
• Proclaimed bank manager
• Sheriff
• Solicitor

O mais fácil, sem dúvida (a não ser que vc trabalhe num escritório de advocacia como eu e tenha acesso a vários advogados... rs) é o Juiz de Paz, que dá plantão em várias bibliotecas públicas espalhadas pela cidade, além de outros locais. Basta ver no site o mais próximo pra vc e contactá-lo pra ver os dias em que ele atende e onde.

Quando eu precisei do serviço morava em North Sydney, então fui na biblioteca do bairro no dia que o juiz de paz estava lá. Basta levar o documento original + a cópia que ele autentica na hora, de graça.

Só um detalhe: mesmo que vc conheça um advogado australiano, ou qualquer outra pessoa autorizada a autenticar documento, e mesmo que seja seu amigo, nem adianta que ele/ela não vai autenticar sem ver o original ao vivo e a cores. Acredite, eu já tentei... rs E nem foi pra mim: um advogado americano que foi contratado pelo meu escritório precisava autenticar o diploma dele e deixou o original nos EUA. Pedi pra outra advogada do mesmo escritório autenticar, ainda mostrei o original que estava anexado num email, mas não teve jeito, ela se recusou solenemente a assinar. Ou seja, esquece o jeitinho brasileiro, ele não existe por aqui. :-)

domingo, 26 de maio de 2013

Carteira de motorista – continuação

No post anterior eu falei sobre as regras básicas pra tirar a carteira de motorista em NSW (atenção pois as regras podem variar de estado pra estado australiano, então sempre é bom dar uma conferida no site do RTA especifico do estado para o qual vc vai).

Nesse vou falar de algumas curiosidades:

1) Como eu mencionei, no nosso caso trouxemos a carteira de motorista do Brasil válida. No meu caso, eu tirei a carteira com 18 anos, mas no nunca dirigi ela perdeu a validade e não renovei. Sabendo das regras daqui, graças ao Thiago, corri para revalidar antes de vir pra Austrália e trouxe uma carteira novinha, mostrando que eu era condutora experiente há mais de 10 anos. haha
Não trouxemos a versão internacional nem tradução, só a versão em português mesmo.
O RTA exige uma tradução oficial do NSW Community Relations Commission For a Multi-Cultural NSW.
Outra opção (a que fizemos) é uma tradução feita pelo Department of Immigration and Citizenship (DIAC). No caso de residentes permanentes essa tradução é feita de forma gratuita, contanto que vc atenda os requisitos do DIAC – ter visto permanente e estar nos 2 primeiros anos de residência na Austrália. Como morávamos em North Sydney na época, fui no departamento do DIAC que fica dentro do TAFE do bairro de St Leonard, levei cópia e original do passaporte + carteira de motorista (me arrependo de não ter levado outros documentos, como diploma, histórico escolar. Parece que tem um limite de documentos que vc pode pedir a tradução gratuito, mas eu sequer tentei saber qual era, quando precisei traduzi com particular pagando pelo serviço. Burra...), preenchi um formulário deles lá e pronto. Em 1 semana veio a tradução pelo correio, sem custo algum.

2) Quando decidimos dar entrada na carteira, fomos munidos de todos os documentos (passaporte, CNH traduzida, comprovante de residência) no RTA do nosso bairro. Antes vc tem que marcar uma hora pelo site e pagar uma taxa (uns $60, acho). Chegando lá, um atendente muito do grosseiro barrou minha aplicação porque meu comprovante de residência não continha meu nome completo. Não adiantou eu explicar que todas as empresas reduzem meu sobrenome por ser muito grande, não bastou apresentar mil outros documentos, dentre eles um do próprio governo de NSW com meu nome todo. O estúpido continuava insistindo que eu tinha que me virar pra conseguir um comprovante de residência com meu nome completo. Como os tradicionais de água, luz, seriam inviáveis, a solução mais rápida seria um “bank statement” a ser solicitado do banco. Como isso foi num sábado, nada feito.

Fiquei com tanta raiva que só depois de sentar e respirar fundo é que fui falar com outra atendente, que foi bem mais simpática e disse que eu não ia perder a taxa que tinha pago pelo agendamento, ela ia reagendar pro fim de semana seguinte sem custo adicional, o que me daria tempo de ir no banco pedir o “bank statement”.

(parêntesis: já ouvi vários brasileiros reclamando de serem discriminados no RTA, maltratados mesmo, como eu fui, por causa dessa questão do sobrenome. Foi a primeira e única vez em que senti esse tipo de discriminação aqui, felizmente não é a regra, nem são todos os atendentes, mas acontece. Já me disseram que é porque nós brasileiros – junto com outras nacionalidades – podemos “pular” o processo de obtenção da carteira. Uma amiga coreana teve aborrecimento semelhante no teste prático, disse que eles são mais exigentes com estrangeiros que “pulam” o processo. O Thiago fez a prova prática com esse mesmo cara que me maltratou e não teve problema algum, passou de primeira, então não sei se é realmente algo generalizado.)

Indo no banco, ainda penei pra eles me darem o tal do “bank statement”, pois a alegação da mocinha que me atendeu é que nem no sistema deles meu sobrenome cabia completo (!?!). No final ela conseguiu encaixar e me deu o tal papel (de graça, vale mencionar).

3) Documentos ok, vc faz o exame de vista no balcão mesmo, eles colocam uma tela mais atrás com as letras e vc tem que ler a linha que eles pedirem. Como eu uso óculos, eles anotam na carteira esse detalhe, como ocorre no Brasil.

4) Em seguida, vc é levado para um computador pra fazer o teste escrito. São x perguntas múltipla escolha (não me lembro quantas, acho que umas 30) que vc tem que responder no computador, sem limite de tempo. Antes do teste vc pode baixar o livro (handbook) com as explicações e fazer online (ou por aplicativo a ser baixado no celular/iPad – buscar por RTA) testes pra treinar.

Dica: treine bastante! Não que o teste seja difícil, tem algumas perguntas até imbecis que vc responde só usando do bom senso, mas tem umas pegadinhas principalmente quanto a preferência de carros na rua que mesmo um condutor experiente se confunde. E pra ser reprovado basta errar 1 questão dependendo da parte do teste (o teste é dividido em seções, e vc tem que acertar acho que 75% de cada seção. Se a seção tem 10 perguntas ou mais, ótimo, vc pode errar 2, 3, até 4, mas se for de uma seção que só tem uma perguntas, se vc errar é automaticamente reprovado). Mas não se assuste, as perguntas são sempre as mesmas, e depois que vc faz o teste uma dezena de vezes vc decora tudo e fica quase impossível ser reprovado.

Exemplo de perguntas imbecis:

“You are about to make a right hand turn at this intersection. You have the green light. You hear a siren from behind and then see that a fire truck will soon overtake you. You should:
a)Stop and let the fire truck overtake you.
b) Continue and make the turn because you have the right of way.
c) Speed up to beat the fire truck.“

"You have a six year old child with you in your car. You have just parked so you can collect a prescription from the chemist. You should -
a) Take the child with you.
b) Ask an older person sitting nearby to watch the child.
c) Leave the child in the car."


Exemplos de perguntas pegadinhas:

“About what percentage of road crashes are caused by factors that include at least some human error?
a) 45%
b) 75%
c) 90%
d) 30%”

"What must you do when you are towing a caravan to help other vehicles overtake?
a) Drive at least 25 km/h below the speed limit.
b) Stop immediately and let the faster vehicle overtake.
c) Keep at least 60 metres behind heavy vehicles or other vehicles towing caravans."


Eu queria colar aqui uma pergunta com interseção (as mais difíceis, na minha opinião), mas não consegui colar a foto de jeito nenhum. Lembrando que aqui o motorista fica do lado direito do carro, então tudo é invertido nas ruas, fora o fato da maioria das ruas serem mão dupla, ou seja, numa interseção vai ter carro vindo de tudo quanto é lado ao mesmo tempo.

5) Terminando o teste escrito, na hora aparece se vc passou ou não e se vc quiser a carteira de learner, eles emitem na hora (tiram foto lá mesmo, imprimem, tudo rapidinho).

6) No meu caso e do Thiago, como ambos tínhamos a carteira de learner não podíamos dirigir juntos, então ele fez 3 aulas com uma professora (pagou acho que uns $60, $80 por hora/aula com um a professora brasileira que mora há décadas aqui na Austrália), sem seguida a prova prática e passou de primeira. No meu caso, decidimos que depois que ele tivesse a carteira plena ele ia me ensinar pra não termos que pagar novamente um instrutor. Isso já tem 6 meses. Sabem quantas vezes eu peguei no carro? 1... E nessa uma vez dirigi por menos de 2km pra ir até a academia e na volta ainda fui impedida de dirigir pois a plaquinha de L caiu e a perdemos no meio do caminho. Ok, eu confesso que não sou das mais interessadas em aprender a dirigir, mas também preciso de um incentivo, né? As vezes sinto falta, principalmente quando queremos sair com os amigos e não podemos ir de carro porque o Thiago quer beber, sendo que eu não bebo e acabo penalizada de qualquer jeito. Fora quando o Thiago viajou a trabalho e eu fiquei presa sem poder usar o carro. Tenho que mentalizar isso pra me forçar a aprender a dirigir e tirar logo essa carteira plena...

7) Na carteira de motorista daqui consta seu endereço, então sempre vc se muda tem que atualizar no RTA (o que é um saco, mas por outro lado a carteira passa a valer como comprovante de residência também). Veja modelo abaixo:




8) Assim como no Brasil, as carteiras tem várias classes: carro, moto, veículo pesado. A diferença é que aqui a categoria C (car) inclui “cars, utilities, vans, some light trucks, car-based motor tricycles, tractors and implements such as graders”, o que na prática possibilita dirigir aqueles caminhões pequenos, o que se faz muito aqui em mudança – vc aluga um mini caminhão por algumas horas e faz sua própria mudança.

9) Alguns estrangeiros não precisam passar por nada disso e podem pedir direto a “full licence”, caso de países como Canadá, EUA, Irlanda, Itália, Portugal, Espanha, Japão, entre outros. Eu não entendo a lógica disso, pois a maioria desses países não dirige na mão inglesa, então qual a diferença deles pro Brasil? Que preconceito... rs

10) Por fim: mesmo sem a minha carteira plena, só a de learner já é um super avanco e me ajuda bastante pois finalmente tenho um documento de identificação australiano. Sim, pois como aqui não tem RG ou CPF, antes pra tudo tínhamos que apresentar o passaporte (que conta menos ponto no 100 points ID – assunto pro próximo post), agora basta a carteira de motorista. Quando vou em boates - tá, quase nunca, só o forró mensal. :-) – a carteira de motorista me faz ir pra fila dos australianos, ao invés da fila onde ficam a maioria dos estrangeiros que não são residentes. Fico me sentindo... haha

sábado, 25 de maio de 2013

Carteira de motorista

Uma coisa que gera algumas dúvidas é quanto a tirar carteira de motorista na Austrália. Resumidamente, a regra é:

1) Se vc é estudante ou tem visto de trabalho (considerado visitante estrangeiro), pode dirigir indefinidamente com a carteira de motorista do Brasil, que tem que ser a internacional, em inglês, ou ter também uma tradução.

2) Se vc tem visto permanente, a carteira de motorista do Brasil só vale nos 3 primeiros meses, depois tem que tirar a carteira australiana (segundo o RTA). E aí existem duas possibilidades:

a) sua carteira no Brasil tem mais de 5 anos e está válida quando vc dá entrada na papelada no RTA (Detran daqui) – processo curto
b) vc não tinha carteira no Brasil ou ela está com prazo de validade vencido ou tem menos de 5 anos – processo longo.

O processo longo, pelo qual todos os australianos tem que passar, é o seguinte:

- Fazer a “prova de identidade” e passar no teste de vista e no escrito (chamado Driver Knowledge Test - DKT).

- Passando nesse teste escrito vc pega a “learner licence” (carteira de aprendiz), que é válida por 5 anos, mais um log book (tipo um livro de anotações) para registrar as experiências dirigindo. Vc é liberado desse “log book” se, dentre outros: (i) possui uma carteira de motorista estrangeira; (ii) tiver mais de 25 anos.

- Depois de 120 horas de direção supervisionada (que não é exigido para aqueles com mais de 25 anos), vc pode fazer o teste prático de direção.

- Passando no teste prático, vc pega a carteira de P1 (Provisional (P1) driver licence). Depois de mais 12 meses, vc pode fazer o “Hazard Perception Test (HPT)” para pegar a P2 (Provisional (P2) driver licence). Finalmente, depois de mais 2 anos com a P2 vc pode (aleluia) aplicar pra “full licence” (carteira plena).

Já no processo curto vc pode fazer de uma vez o teste escrito + exame de vista + a prova prática e pegar a carteira plena de uma tacada só. Ou, como foi o nosso caso (e é muito recomendado pra quem vem de outro país com regras de direção diversas), fazer o teste escrito, pegar a “learner licence”, fazer umas aulas de direção e depois o teste prático.

Alguns detalhes quanto a diferença de carteiras:



1) Só pode dirigir com alguém que tenha a “full licence” no banco carona. Lembrando que se o carona estiver intoxicated (bêbado) não vale! No meu caso, como ainda estou com a “learner licence”, mesmo que o Thiago tenha a “full licence” não podemos sair de carro pra um barzinho se ele quiser beber, pois eu mesmo sóbria não vou poder dirigir.
2) Tem que observar o limite máximo de velocidade de 80km/h.
3) Tem que colocar uma placa de L (como a da foto acima) na parte externa do carro (frente e traseira) e visível a todo momento.
4) A tolerância para álcool no sangue é zero (o padrão em NSW para condutores é 0.05 gramas ou 50 miligramas de álcool em casa 100 mililitros de sangue).




1) Já pode dirigir sozinho, mas ainda tem que colocar uma placa de P1 (como a da foto acima) na parte externa do carro (frente e traseira) e visível a todo momento.
2) Tem que observar o limite máximo de velocidade de 90km/h.
3) A tolerância para álcool no sangue ainda é zero.
4) Regra curiosa: “If aged under 25, you may only carry one passenger under the age of 21 between 11pm and 5am.”




1) Também pode dirigir sozinho, mas ainda tem que colocar uma placa de P2 (como a da foto acima) na parte externa do carro (frente e traseira) e visível a todo momento.
2) Tem que observar o limite máximo de velocidade de 100km/h.
3) A tolerância para álcool no sangue ainda é zero.

Mais informações no site do RTA de NSW: http://www.rta.nsw.gov.au/licensing/gettingalicence/car/learners/index.html

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Feminismo

Não, esse blog não é sobre isso. Eu sei. Nem pretendo torná-lo em um blog de assunto diverso que não a nossa vida na Austrália. Mas hoje estava lendo um texto e me peguei pensando em mais uma diferença de realidade desde que nos mudamos pra cá.

O texto é esse aqui: http://papodehomem.com.br/como-se-sente-uma-mulher/ e faz uma reflexão sobre o preconceito diário sofrido pelas mulheres de uma forma geral, simplesmente pelo fato de sermos mulheres. O ponto que me chamou atenção pra trazer aqui pro blog é quando no início a autora relata casos de assédio na rua, tão comum no Brasil (e em muitos outros países também, claro, me lembro que quando fui pros EUA quando tinha 17 anos passei algumas situações bem constrangedoras nas ruas de Nova Jersey). Seguem trechos do texto:

Aconteceu ontem. Saio do aeroporto. Em uma caminhada de dez metros, só vejo homens. Taxistas do lado de fora dos carros conversando. Funcionários com camisetas “posso ajudar?”. Um homem engravatado com sua malinha e celular na mão. Homens diversos, espalhados por dez metros de caminho. Ao andar esses dez metros, me sinto como uma gazela passeando por entre leões. Sou olhada por todos. Medida. Analisada. Meu corpo, minha bunda, meus peitos, meu cabelo, meu sapato, minha barriga. Estão todos olhando.
Aconteceu quando eu tinha treze anos. Praticava um esporte quase todos os dias. Saía do centro de treinamento e andava cerca de duas quadras para o ponto de ônibus, às seis da tarde. Andava pela calçada quase vazia ao lado de uma grande rodovia. Dessas caminhadas, me recordo dos primeiros momentos memoráveis desta violência urbana. Carros que passavam mais devagar do meu lado e, lá de dentro, eu só ouvia uma voz masculina: “gostosa!”. Homens sozinhos que cruzavam a calçada, olhavam para trás e suspiravam: “que delícia.” Eu tinha treze anos. Usava calça comprida, tênis e camiseta.
Agora, multiplique isso por todos os dias da minha vida.
Sei que para homens é difícil entender como isso pode ser violência. Nós mesmas, mulheres, nos acostumamos e deixamos pra lá. Nós nos acostumamos para conseguir viver o dia a dia
.”

Eu sempre achei desagradável essa mania de alguns homens de fazerem cantadas agressivas, olharem ostensivamente como se a mulher fosse um pedaço de carne, fora casos bem mais graves de assédio e abuso sexual (em maior ou menor grau) que a grande maioria das mulheres já sofreram e acabam achando “natural”. Não, eu nunca achei isso natural, mas devo reconhecer que só agora depois de estar morando na Austrália há mais de um ano é que vejo com mais clareza que esse comportamento não é natural, tampouco aceitável, e que é sim possível se viver numa sociedade mais igualitária e respeitosa.

Claro que não vou dizer que a Austrália é perfeita, que não há crime, especialmente os de caráter sexual. Me lembro bem que antes de mudar pra cá uma professora de inglês minha que era australiana sempre dizia que se por um lado no Brasil ela ficava com medo de andar na rua e ser assaltada, na Austrália o medo dela era de estupro, que tinha índices altíssimos por essas bandas. Eu nunca ouvi histórias desse tipo aqui como se fosse uma coisa rotineira, mas ela me garantia que existia e ela morou a vida toda na Austrália (em várias cidades, então talvez essa percepção varie de cidade pra cidade).

Então pode ser que a minha percepção esteja errada, mas eu me sinto infinitamente mais segura aqui. E quando digo segura não estou falando de assalto (isso é assunto pra outro post), mas de violência sexual contra a mulher. Isso começa nas pequenas coisas, como andar na rua sem ouvir grosserias, ou mesmo receber olhares acintosos. E não importa se a mulher esteja de decote, roupa curta (olha que saia estilo cinto de tão curta é ainda mais comum aqui do que no Brasil), o respeito vai ser o mesmo.

Claro que acontece algum assédio na rua, principalmente se for num bairro conhecido por ser mais machista (um dia falo sobre isso), ou tarde da noite quando todos os bêbados e loucos saem as ruas, ou ainda em bairros mais “boêmios” e “perigosos” (nada perto dos padrões brasileiros, claro) a noite. E claro também que as pessoas paqueram em bares, boates, etc.

Mas de uma forma geral ando na mais absoluta segurança. Já peguei ônibus tarde da noite em que ao entrar só tinha homem dentro, já passei em meio a mil obras na rua, enfim, situações em que no Brasil seria “natural” ser assediada de forma agressiva e aqui não acontece, não rola nem uma olhada acintosa. Isso dá uma sensação de segurança que talvez os homens não consigam entender. Como disse a autora do texto que mencionei, talvez seja difícil para os homens compreender essa questão: “E você, leitor homem? Quando é abordado de forma hostil por um estranho na rua, pensa “por favor, não leve meu celular” ou “por favor, não me estupre”?”.

Não digo com isso que na Austrália não haja preconceito contra as mulheres, mas vejo uma sociedade bem mais igualitária. Talvez a ausência de assédio nas ruas não tenha a ver com a igualdade feminina em si, mas com a forma respeitosa com que os australianos tratam os outros de uma forma geral. No estilo “o meu espaço termina quando começa o seu”, todo mundo pede licença e diz por favor, espera o outro saltar do ônibus/trem antes de embarcar, ninguém parece ter a pressa absurda dos brasileiros pra ser o primeiro a ser atendido, a gentileza está sempre em primeiro lugar.

Sonho que um dia o Brasil possa ser assim, nós brasileiros só teríamos a ganhar com uma mentalidade ao estilo do Profeta Gentileza.



segunda-feira, 20 de maio de 2013

O mistério das havaianas

Post rápido (se é que eu consigo essa proeza).

Impressionante como minhas havaianas estragam por aqui! Desde que cheguei umas 3 já arrebentaram. Até tentei colar com super bond (é assim que se escreve???) mas durou pouco. Isso porque aqui só uso basicamente em casa, na praia ou quando está quente o suficiente pra sair com elas na rua (tipo, umas 10 vezes por ano). Já no Brasil usava todo dia, toda hora e não me lembro de arrebentarem tão facilmente...

Minha teoria é que elas arrebentam por serem usadas com meia (coisa que nunca fazia no Rio, claro, meia era no máximo uns 5 dias por ano - e isso porque sou mega friorenta), o que força a parte do dedo, acredito eu. Com isso comprei uma pantufa quentinha pra usar com meia e agora só uso as havaianas quando não estou com frio nos pés (tipo, metade do ano apenas).

Se bem que eu suspeito que a culpa não seja das meias e seja mesmo Lei de Murphy só porque aqui é mais caro e difícil comprar havaianas... Na dúvida sempre que alguém vem do Brasil visitar, ou vai lá, peço pra trazer uma havaiana só pra garantir meu estoque. :-)

Limpeza

Nem sei como não escrevi esse post antes, eu que sempre tive TOC fui tão focada nisso. Um dos pontos que mais escuto brasileiros que vem morar na Austrália reclamar falar é sobre o quesito limpeza.

Primeiro de tudo, um parêntesis: somos muito limpinhos no Brasil, até demais pros padrões mundiais eu acho. Claro que ajuda o fato da maioria das pessoas ter empregada/faxineira, poucas são as pessoas de classe média que eu conheço no Brasil que fazem a limpeza pesada (só não digo nenhuma pois uma tia do Thiago que tem TOC passa dias fazendo faxina...).

Segundo parêntesis: quando conheci o Thiago, eu realmente tinha TOC com limpeza! Não podia nem sentar na cama quando chegava em casa sem tomar banho e trocar a roupa antes, só pra vcs terem uma idéia. Dentre uma das muitas coisas que o Thiago me ensinou foi a ser mais porquinha menos neurótica com isso.

No Brasil tínhamos uma faxineira de 15 em 15 dias (ou será que era semanalmente? Já nem me lembro mais...) que fazia o trabalho pesado, e nós apenas dávamos uma arrumação básica, lavávamos a louça, varríamos quando ficava muito sujo.

Ao se mudar pra Austrália, quanta diferença! Primeiro que quase ninguém tem faxineira, pelo simples motivo de que custa muito caro, no mínimo uns $30 a hora, e mesmo assim os cleaners (como se chamam aqui as faxineiras e profissionais de limpeza de uma forma geral) só fazem a limpeza “de leve”, passam o aspirador, tiram o pó por cima e ponto. Já me disseram que se vc pedir pra passar o aspirador debaixo do sofá, paga mais caro, e assim por diante. Resultado: todo mundo que eu conheço faz sua própria faxina.

Verdade seja dita: os produtos ajudam e muito. Primeiro porque toda casa tem dishwasher (lavadora de pratos), o que parecia um supérfluo no Brasil mas aqui aprendi a amar! Tem também aspirador de pó possante. E secadora, o que facilita a lavagem de roupa, não precisa ficar pendurando em varal, etc. A variedade de produtos no mercado também é maior que no Brasil, apesar de não ser no nível dos EUA, que acho que é bem melhor.

O fato é que os australianos são meio porcos. Quando íamos ver aptos para alugar entrávamos em casa muquifo imundo que nem te conto! Fora nos restaurantes fast food que ninguém joga seu próprio lixo na lixeira, as mesas vivem sujas (não sei como eles se cagam tanto pra comer, rendia uma tese de mestrado...rs), talvez por isso que se vê pombo até dentro das lanchonetes, uma loucura! Mas isso é só nesses itens que eu comentei, diga-se de passagem, as ruas são sempre muito limpas.

Voltando ao assunto: tão logo chegamos aqui nos demos conta que íamos ter que nos acostumar a um novo “padrão de limpeza”. As nossas regras agora são as seguintes:

1) Está fazendo comida, limpa logo a seguir. Caiu coisa no chão? Limpa na hora. Sujar o menos possível ajuda e muito a conservar a casa limpa sem muito trabalho.

2) Tiramos os sapatos ao entrar em casa, pra não ficar espalhando muito a sujeira.

3) Limpeza geral da casa, tipo passar o aspirador, fazemos 1 vez por semana. Isso quando não estamos preguiçosos e pulamos uma semana. rs Como a casa é toda de carpete escuro, não percebemos muito a sujeira. Eu sempre fui maníaca em arrumar a cama, mas desde que li esta matéria na Super Interessante, tenho ficado mais desleixada relaxada.

4) Espanar poeira dos móveis, uma vez por mês ou quando me dá uma louca (sim, sou hiper preguiçosa. Mas também tenho surtos de limpeza razoavelmente freqüentes, principalmente num sábado de manhã que acordo super cedo (no máximo 7, 8 horas), vou pra academia, volto no máximo 10 horas e, como o Thiago ainda não acordou, fico entediada e começo a sessão limpeza. rs).

Antes que alguém se insurja, vale dizer que a casa não fica toda empoeirada não! Impressionante como aqui não acumula poeira, talvez por não ter tanta poluição. O fato é que não acumula, e olha que eu saberia, pois sempre fui super alérgica e tinha rotineiras crises de rinite. Aqui nunca tive e mal dou um espirro.

5) Limpar vidros, fazer uma limpeza mais pesada das varandas, só quando está muito sujo ou quando acordo meio louca (tipo, várias vezes, como dito acima).

6) Limpar banheiro é a especialidade do Thiago, ele faz uma limpeza pesada uma vez por mês e no resto vamos mantendo pequenas limpezas de vez em quando. É aquela história: manter limpo é a melhor saída. A banheira limpo durante o banho, a pia depois de escovar os dentes, e por aí vai. Pequenas coisas que nunca fizemos no Brasil por saber que em alguns dias a faxineira iria lá, aqui virou hábito quase automático.

7) A cozinha normalmente não fazemos limpeza pesada, primeiro por ser pequena e integrada com a sala, quando passamos aspirador na sala passamos na cozinha junto. E fogão, pia e bancada da cozinha limpamos sempre que cozinhamos, então está sempre limpinho.

8) Passar roupa é um dos piores itens (outro que a faxineira fazia no Brasil...). Por absoluta preguiça a regra aqui é: passamos as roupas sociais e só; camisa de algodão, calça jeans, lençol (não sei se é todo mundo, mas até lençol e calça jeans eu passava no Brasil), nada disso mais passamos. Com as minhas roupas não aparece muito, mas as camisas de algodão do Thiago sempre que ele veste digo que ele parece que foi mastigado e cuspido. haha Estamos nem aí, fica por isso mesmo.

Resumo: quem tem TOC mania de limpeza deve estar chocado com esse relato, mas a nossa casa não é suja não, tá? Muito pelo contrário, está sempre limpinha, sem bagunça, cada coisa no seu lugar. Só não temos disposição pra ficar maníacos por limpeza, até porque o pouco que fazemos já consome horas toda semana, fazer mais que isso seria inviável, a não ser que vivêssemos pra isso, o que de modo algum é a nossa filosofia.

domingo, 19 de maio de 2013

Parentesis

Tô me sentindo o máximo porque descobri como fazer linkagem nos posts... haha

Sou muito ruim no quesito informática mesmo, quer dizer, sei bastante de Word, excel, power point (muito mais do que a maioria no escritório que trabalhava no Brasil, e mesmo no novo aqui), mas quando se trata de internet, confesso que sou jeca. Acho que isso se deve ao meu desinteresse completo pelo assunto. O Thiago, por outro lado, que ama pesquisar, fuçar, aprender coisas ligadas a informática, me dá um banho. Claro que isso só me faz ficar mais preguiçosa...

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Ainda sobre o sistema de saúde

Como já tinha dito em outro post, aqui, a minha primeira experiência num hospital em Sydney não havia sido boa. Há algumas semanas, depois de uma queda estúpida que causou uma pequena fratura na costela, me vi tendo que ir novamente na emergência.

Dessa vez optei pelo Prince of Wales, no bairro Randwick. Que diferença! O hospital é enorme, engloba um centro infantil, maternidade, e a emergência para adultos. No quesito atendimento, foi até parecido com o do Royal Prince Alfred: vc chega, vai no balcão, preenche a ficha, informa o número do cartão do Medicare, senta. A enfermeira da triagem chama, faz um rápido exame de glicose, analisa seu caso e vc espera de novo. (no meu caso a enfermeira me passou um sermão porque eu não tinha tomado analgésico em casa, mesmo estando com dor. haha Ela: “como assim vc teve duas quedas feias - a segunda por causa de um desmaio causado pela dor forte -, tá com muita dor e não toma analgésico?” Eu: “ah, a dor está mal mas não insuportável.” Ela: “Mas vc nem está conseguindo respirar direito de dor! Vai tomar analgésico sim!” E me deu logo 4 comprimidos! Tive que tomar, mesmo contrariada... rs). Depois me levaram para o raio-x, mais espera e só depois a médica vem te atender. No total foram umas 2 horas, o que achei bem razoável. A médica era muito novinha, mas sempre consultava o chefe do plantão. Ainda veio uma enfermeira final conversar comigo, fazer mais exames, enfim, dessa vez fiquei bem satisfeita com o hospital.

Detalhe diferente do Brasil: alguns exames que fazem no hospital o resultado não sai na hora, então vc é encaminhado pra ir alguns dias depois no seu GP (o médico geral) pra pegar o resultado e fazer o “follow up” (acompanhamento) que eles chamam. Nem todos os casos precisa disso, mas dessa vez tive que ir pois em suspeita de fratura de costela eles sempre analisam a possibilidade de atingir outro órgão, dar uma infecção, etc. No meu caso não teve nada disso (quer dizer, só a infecção, mas isso eu ando meio desconfiada aqui, toda vez que vou no GP ele diz que tenho infecção e me manda tomar antibiótico, mesmo sem eu estar sentindo nada! Um dia vou começar a me negar a tomar esse troço... rs)

Isso eu ainda sinto um pouco de diferença pro Brasil, aqui vc não tem a mesma facilidade de ir no médico. No meu caso o antiinflamatório que me passaram no hospital me fez muito, mas muito mal, e fiquei meio sem saber a quem recorrer. Por sorte tinha esse acompanhamento com o GP e o consultei sobre trocar o remédio. Troquei, mas como o novo ele falou pra tomar no máximo por 3 dias, no restante das semanas de recuperação a saída foi agüentar a dor mesmo.

E vou parando por aqui antes que os três leitores do blog pensem que eu sou hipocondríaca e só falo de médico. Muito pelo contrário, odeio médico, hospital, não tomo remédio pra nada. Desde que cheguei na Austrália não peguei nem uma gripe, mas devo reconhecer que eu, que nunca quebrei um osso na vida, não ando tendo sorte nesse quesito aqui em down under... :-P