quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quando tudo começou.

Sempre que conversamos com alguém sobre esta nossa decisão de mudar para um outro país, ainda mais em se tratando de um lugar tão longe como a Austrália, a primeira pergunta que escutamos é: De onde é que vocês tiraram esta idéia? Ou talvez: Por que Austrália? Por que sair do país?
Apesar de termos estas respostas em nosso subconsciente, às vezes é muito difícil explicar como é que tomamos tal decisão. Na verdade foram um conjunto de acontecimentos, de coincidências, decisões ou seja lá como você preferir classifica-los, que nos levaram a este caminho e que agora fazem parte de nossas vidas mesmo que ainda de forma superficial ou indireta.

Na verdade nunca tínhamos pensado em morar fora definitivamente. Em certo momento pensamos em fazer um mestrado na Europa, mas acabamos desistindo por questões financeiras, já que não é tão fácil conseguir uma bolsa de estudos; profissionais, largar nossa carreira para estudar sem saber se na volta este mestrado iria realmente abrir portas para novos empregos; e por fim pelas questões de adaptação a vida em outro país.

Sempre tivemos esta vontade de buscar novos desafios, conhecer novas culturas, ter novas experiências, mas sempre esbarrávamos em obstáculos como estes, com as responsabilidades, compromissos e planos que vamos criando no decorrer da vida e que em certos momentos podem nos limitar a tomar decisões bruscas. Esta historia toda veio à tona com um acontecimento que ninguém poderia imaginar que ira nos influenciar desta maneira.

Tudo começou quando em meados de 2008 meu antigo chefe, o Ricardo, me contou que estava indo morar na Austrália, naquele momento a noticia me pareceu tão sem sentido que em nenhum momento cheguei a perguntar o porquê desta mudança ou o que o motivou a tomar tal decisão. Mesmo assim, antes de sair do Brasil ele ainda me deu um livro que explicava como era viver e morar na Austrália como imigrante e como era o processo de conseguir um visto para talvez ascender o interesse no assunto. Peguei o livro e deixei na minha cabeceira sem dar muita atenção a ele durante uns bons meses.

Durante os seis primeiros meses conversamos muito pela internet, e ele sempre comentava sobre suas experiências no país e de como haviam oportunidades para imigrantes qualificados lá. Contava sobre sua nova vida, os pros e contras de morar fora e de como estava sendo sua adaptação e aceitação das pessoas com sua família.

Apesar de ter me interessado pelo assunto, sempre levei na brincadeira a possibilidade de fazer o mesmo. Quando comentava sobre o assunto com a Denise, era sempre em tom de curiosidade, de comentar fatos interessantes, etc., mas nunca com intuito de realmente transformar isso em um estímulo para mudar nossas vidas.

Até que um dia em janeiro de 2009, quando estávamos conversando sobre futuro, sobre nossos sonhos, planos etc., nos deparamos com a possibilidade de fazer uma loucura como a que o Ricardo fez. O que parecia ser apenas um fato que passaria em branco por nossas vidas, ver meu ex-chefe mudando de país, se tornou em uma possibilidade. Lembro perfeitamente do dia que ponderamos como seria complexo este processo de conseguir o visto, mudar para outro país, etc., e ainda assim, vimos que valeria o sacrifício se era realmente isso que queríamos fazer.

O que faltava para começar a correr atrás da preparação para o visto era esta certeza de que ambos tinham o mesmo desejo de mudar e isto ficou mais do que claro para nós. No mês seguinte estava eu começando minhas aulas de inglês e iniciando minhas pesquisas sobre como conseguir o visto. Já tinha ouvido o Ricardo comentar como foi trabalhoso obter o visto, mas não sabia quer seria tão complexo assim. Foram diversos sites, manuais, fóruns, blogs, etc., que eu busquei, li e reli até começar a me organizar e entender melhor quais seriam os passos a tomar. Mas como todos sabem, quando decido uma coisa me enfio de cabeça até o fim. Então, aqui estou eu buscando concretizar este sonho.

Bom foi daí que veio esta idéia inusitada de morar na Austrália. Quando ao porque de morar em outro país e porque Austrália... Bom isso é assunto para outro post, assim como toda saga que foi conseguir os documentos para depois de um ano e meio, aplicar para o visto. No próximo post conto mais sobre as etapas cumpridas durante este período e o que ainda teremos que aguardar para iniciarmos nossa jornada. Abraço a todos.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Whatever Works


“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos (Fernando Pessoa).”

O que faz alguém querer mudar? Seja na sua vida pessoal, no trabalho, ou até mesmo em simples coisas do dia a dia? O ser humano é alimentado por mudanças, ou pela esperança de que um dia algo extraordinário irá acontecer. Talvez muitos de nós nunca sintamos esta inquietude de realmente querer fazer uma mudança na vida, sair de casa, mudar de emprego, terminar um relacionamento que já não existe, enfim, querer mudar nem sempre é uma decisão fácil ou lógica.
Muitas vezes este sentimento pode ficar adormecido por diversos fatores, que não necessariamente são bons ou ruins, apenas são fatores que contribuíram para que este sentimento não viesse à tona e, mesmo assim, a vida poderá caminhar de uma forma natural e satisfatória.
Mas e quando o sentimento de mudança vem à tona? O que fazer? Tomar a decisão de mudar pode ser uma atitude muito difícil de ser feita, seja ela qual for, mas a partir do momento que você acredita que é esta a melhor decisão a ser tomada, será muito difícil alguém lhe fazer mudar de idéia.
Ontem eu assisti ao novo filme do Woody Allen, “Whatever Works”, que me fez refletir muito sobre este assunto. Em certa parte do filme a atriz principal percebe que está apaixonada por um novo homem e ela faz uma analogia muito simplória, mas muito interessante sobre o surgimento de um novo sentimento. Ela compara o sentimento a uma pasta de dente, que ao sair do tubo não há mais como ser colocada de volta.
Parece ridículo o que estou dizendo, mas é exatamente assim que me sinto nesta fase da minha vida: o sentimento de mudança veio à tona e agora não vejo como colocá-lo de volta no tubo da pasta. Na verdade sinto que tanto eu quanto a Denise estamos com o mesmo sentimento de mudanças, mesmo que isso possa soar insano para alguns, para nós faz todo sentido neste momento. Se estamos fazendo a coisa certa? Isso ninguém pode ter certeza, nem mesmo nós, mas o que temos certeza é que no momento é isto que queremos fazer em nossas vidas.
O filme do Woody Allen não teve uma influência direta com o que estamos sentindo, até porque nossa decisão de mudar já vem de um ano pra cá. Mas poderia arriscar dizer que ele resume exatamente o que nos motivou a querer mudar, e talvez tenha motivado tantas outras pessoas também. Não digo por motivos específicos, pois cada um tem os seus e o filme em nenhum momento tem este propósito. Digo pelo simples fato de querer que as coisas dêem certo, seja lá como for. Cada um tem suas aspirações, desejos, sonhos, etc., o importante é acreditar que suas decisões poderão te fazer feliz. A vida é uma só, e se ficarmos parados e insatisfeitos com ela, não teremos outra chance de arriscarmos ser felizes.
Não importa o que cada um busca para sua vida, o importante é ter a certeza que tudo o que você fez foi em busca da felicidade. Tenho certeza que nossa decisão de buscar uma oportunidade de morar na Austrália está diretamente relacionada a este pensamento que o titulo do filme resumiu em duas palavras: “Whatever Works” (ou algo como: “qualquer coisa que dê certo”).
Achei que esta seria a melhor forma de começar a escrever nosso Blog contando esta saga rumo ao visto australiano. Esperamos que, futuramente, possamos contar nossas experiências nesta nova vida. Abraços e até o próximo post!