segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Missão de reconhecimento - parte III – Perth

Saímos de Melbourne no início da tarde em direção a Perth, em uma viagem de iria durar aproximadamente 3:30 hs., isso mesmo, a Austrália assim como o Brasil tem proporções continentais é como ir de Porto Alegre a Recife. Perth é a capital australiana mais distante dos grandes centros urbanos, é mais rápido chegar à Ásia do que em Melbourne. Este era o trecho mais caro dos nossos vôos internos, sendo assim decidimos comprar a passagem mais barata que achamos vendida pela companhia Tiger Airways, uma empresa asiática que esta invadindo o mercado australiano com preços muito competitivos.
 
A viagem foi um pesadelo, nunca viajei com uma equipe de vôo mais despreparada como esta. Bom, pra começar o terminal de embarque da empresa fica fora do aeroporto de Melbourne, fica do lado, mas você tem que ir levando sua mala por fora do aeroporto ate chegar ao galpão, se chover já viu né. O terminal é literalmente um galpão, não tem onde sentar pra esperar o check-in, sem lanchonetes só maquinas de bebida e comida, enfim, o lugar é um buraco. Entramos no avião e somos recebidos por uma mulher que se dizia a chefe de cabine, com umas unhas imensas, cabelo pavoroso, parecendo aquelas peruas emergentes.

Tomei um susto só de entrar no avião, sentei e fiquei esperando a decolagem. Enquanto isto a chefe de cabine começa a ficar nervosa, fala com o comandante, fala no radio, manda esperar pra fechar a porta do avião, a coisa não estava legal e dava pra ver na cara dela que ela não sabia o que fazer. Depois de muito tempo fecham-se as portas e começa a decolagem, a chefe de cabine deu as instruções em um dialeto que ela acha que é inglês mas que não deu pra entender metade do que ela disse, ela tinha cara de imigrante mas podia ter treinado mais o inglês ne....
 
A perua ainda estava nervosa, depois dos procedimentos de decolagem ela avisa pra uma das aeromoças que ela quer conversar com ela depois da decolagem. Isto tudo acontecendo na frente de todos, elas nem tentavam disfarçar pra aparentar calma a tripulação, mas parecia normal pra todo mundo o que estava acontecendo, enquanto eu estava começando a ficar tenso com a situação.
 
O avião subiu, as aeromoças ofereceram o lanche (tinha que pagar pra comer) e logo depois a chefe de cabine chama a aeromoça no canto, fecha a cortina e manda ver no esporro. Deu pra escutar tudo que ela dizia, mas entender já é outra historia. Depois que todos já estavam alimentados, a chefe de cabine aproveita e senta-se em um assento vazio ao lado de um conhecido e começa um bate papo, depois chega outra aeromoça e a coisa foi assim até o fim da viagem. De vez em quando alguém apertava o botão pra chamá-las ela levantava e gritava pra alguém ir lá atender. Elas pareciam estar em casa, trocando telefones com o rapaz, batendo papo, rindo, o stress até passou.
 
Fiquei imaginando se ocorresse alguma emergência, turbulência, qual seria a reação dessas profissionais. Daí eu percebi que às vezes é um barato que pode sair muito caro. Sai do avião achando o serviço da Gol uma maravilha! Resumo da opera, nunca mais pego um vôo com esta companhia. Não aconselho a ninguém a comprar um tíquete desta empresa, pois não só o serviço foi ruim, mas principalmente a falta de treinamento da equipe, o que pode ser muito perigoso. A única coisa que valeu no vôo foi o por do sol!

Pôr-do-sol da janela do avião.
 
Chegamos em Perth e fomos recepcionados pelo meu antigo chefe, o Ricardo e seu filho o Leo, de lá fomos direto pra casa deles jantar, la estava a Flavia esperando com uma bela lasanha. Aí depois foi ir direto pro Hotel descansar.
 
No outro dia combinamos com a Flavia de fazer um passeio pelos arredores da cidade para conhecer as vinícolas. Como não havia café incluído na nossa diária, fomos andando até o centro tomar um café da manhã, tentamos achar um café tradicional “perthiano”, mas já tínhamos andando varias quadra e a única coisa que achamos mais próxima disso foi o Mcdonalds, que serve café neste horário. Acabou que quase desencontramos da Flavia, pois meu celular resolveu não ter sinal.
 
Passamos a manhã passeando pelas vinícolas e ainda deu pra passar em uma fabrica de chocolate. Ao meio dia fomos almoçar em uma destas vinícolas e voltamos para o centro, pois eu tinha uma entrevista em um escritório de arquitetura. Enquanto isso a Denise acompanhou a Flavia em umas comprinhas.


Passeio pelas vinículas.


Provando os vinhos de graça e saindo sem comprar nada, hehe.


Mais uma foto das vinículas.


Almoço em uma vinícula com a Flavia e sua sobrinha.
A entrevista foi bem tranqüila, este escritório na verdade já era bem maior que o primeiro que eu fui. O escritório possui foi prédios pequenos de 2 andares cada, deve ter uns 50 funcionários. Bom, o papo foi bem parecido com o primeiro, perguntei das possibilidades de emprego pra um imigrante, ele disse a mesma coisa que o outro arquiteto, que o pais esta aberto para mão de obra estrangeira. Por sinal ele é um imigrante, sua nacionalidade é espanhola, ele morou muito tempo na Inglaterra, ate que se mudou de vez pra Perth. Foi legal ver um imigrante que conseguiu construir sua carreira na Austrália e hoje é um dos sócios de um escritório onde os donos são caucasianos e nativos. Ou seja, tem como trabalhar e crescer se você levar sua profissão com empenho e dedicação. A única coisa que ele deixou clara é que atualmente as empresas pararam de dar visto de trabalho pra trazer imigrantes. Apesar de haver a necessidade de mão de obra qualificada, a experiência que eles tiveram em investir em imigrantes foi muito ruim pelo fato de que muita gente acaba desistindo quando tem que realmente tomar a decisão de se mudar para o outro lado do mundo. Ele terminou o papo dizendo, consiga seu visto, pegue suas coisas, venha pra cá que aí nos conversamos. Ou seja, sair com emprego garantido aqui do Brasil, nem pensar. E é de se compreender os motivos deles.
 
Saindo de lá voltei ao hotel para encontra a Denise. Já era fim de tarde, acabamos ficando pelo hotel mesmo. Jantamos no hotel mesmo, eu acabei experimentando a carne de canguru, parecia um file de carne bovina, bem suculento. No outro dia acordamos cedo pra comprar nosso bilhete do Ferry boat que ia nos levar no outro dia para uma ilha próxima da cidade. Depois disso pegamos o trem para conhecer as praias da cidade e a zona portuária.
 
A primeira parada foi no bairro de Cottesloe, um bairro na praia mais badalada de Perth, pode-se ver pelas fotos que é um bairro muito nobre com casas lindíssimas, com certeza não é pro nosso bico, hehe. A praia é bem agradável, com uma vasta área de gramado (o povo aqui prefere a grama que a areia), um prédio onde ficam os vestiários, salva vidas, restaurantes, etc, entre outras facilidades. A única coisa que não é muito convidativa mesmo é a água, apesar ser cristalina e ter uma cor linda, a temperatura é muito baixa, sem condições de entrar, talvez no verão. Depois de passear pela praia, pegamos o trem novamente e partimos para Fremantle.
Bairro de Cottesloe.

Casinhas básicas do bairro.




A praia, o gramado que os australianos adoram e o prédio onde ficam os vestiários e afins.





Visão da praia.

O mar da Perth.



 
Fremantle na verdade não é um bairro de Perth, apesar de ficar a 30 min de trem do centro, esta região é considerada como outra cidade, parecido como Rio e Niterói. Esta região foi à primeira área habitada, pois aqui fica a área portuária. O centro da cidade é muito legal, existem vários predinhos históricos, que foram preservados e hoje são usados como bares, lojas, restaurantes, etc., o local é muito acolhedor.
 
Ficamos batendo perna pelo centro, entrando nas lojinhas, vendo as antiguidades, artesanatos, parecia uma Santa Tereza australiana. Aqui é uma área muito procurada pro artista e artesãos para morar, assim como o bairro carioca. Talvez pro este motivo que sentimos um clima tão familiar.

Saindo do trem, chegando em Fremantle.




Centro de Fremantle.










O cafés e restaurantes dos arredores.


Café de todos os gostos e procedências.


Denise curtindo o passeio no mercado popular.




Fim de semana agitado.
Realmente a cidade nos encantou, se fosse pra escolher um lugar pra morar em WA, talvez Fremantle seria a primeira opção, apesar da distancia do centro. Fomos até o cais para almoçarmos e aproveitamos a fama do local de ter muito peixe fresco pra experimentarmos o famoso Fish and Chips. O restaurante tem estilo fast-food, é entrar na fila, pegar as bebidas e pedir o peixe. Acabei pedindo 2 fish and chips, achando que era uma porção individual, quando chegou o negocio foi que eu vi o tamanho da coisa. Pra começar que a comida não vem em uma cestinha ou algo assim não, eles enrolam tudo em uma folha de papel estilo de açougue ou peixaria, vem tudo embolado junto, e vem muita comida! Quando fui pegar o sal pra batata, vi que eles curtem botar vinagre também, nojento! Bom, não curtimos muito este almoço monocromático e gorduroso não, apesar do peixe estar gostoso.
Almoço: Fish and chips.

Que delícia hein.... hehe.

 

Depois do almoço fomos dar uma caminhada, passamos no píer e pra nossa surpresa, vimos um casal (bom eram dois) de golfinhos passeando por ali, na beira do cais. E sendo uma zona portuária, eu me surpreendi com a transparência da água, não via manchas de oleo e sujeira, conseguíamos ver os golfinhos passando embaixo d’água. Ainda deu tempo de passear em um praça da cidade, com vários brinquedos legais pra crianças, vestiários bebedouros, aquela coisa toda que eu comentei antes mas que parecia sempre nos surpreender.


Observando os golfinhos no pier.


A criançada gritava: "There !" cada vez que eles subiam.



O Banheiro da praça.


A praça.


 


 

Pegamos o trem de volta pro centro e aproveitamos para passar em um bairro muito famoso também, Subiaco, este bairro é conhecido por seus cafés e restaurantes transados. Caminhos por mais um parque, deu uma paradinha pra filmar um banheiro high-tech no meio do caminho e passamos em um shopping outlet que fica próximo dali. O shopping parece com os que a ente vê em cidade pequena, tipo em Teresópolis ou Friburgo, cheio de lojinhas desconhecidas e com um gosto muito duvidoso. O mais engraçado é que parecia que todas as lojas comprava de um mesmo fornecedor, provavelmente chinês, pois vimos a mesma roupa em vários lugares. A Denise bem que tentou garimpar alguma coisa, diz ela que as roupas de trabalho são normais, até porque não tem muito o que errar né, mas ela acabou só comprando uma mochila e um casaco.

A Praça de Subiaco.

O banheiro high-tech.

Adoramos esta praça.

Uma foto do centro.
Voltamos pro hotel e a noite fomos conhecer o bairro boêmio da cidade, Northbridge. Como era sexta o bairro estava bem movimentado, a garotada indo pras boates, e o povo mais velho nos restaurantes. Jantamos em um restaurante italiano onde uma das garçonetes era brasileira, a menina mal sabia falar inglês, mas já tinha conseguido um emprego de garçonete. Isto deixou a gente mais tranqüilo pois se até alguém sem falar direito conseguiu um emprego, acho que a gente também consegue, hehe.
No outro dia acordamos cedo pois íamos fazer um passeio numa ilha próxima da cidade, Rottnest Island. Pegamos o Ferry e depois de 1:30 chegamos lá. Como a ilha é área de proteção ambiental é proibido o uso de automóveis e motos (salvo o ônibus de turismo), portanto tivemos que alugar bicicletas pra conhecer os arredores e encontrar com o Ricardo e a Flavia que estavam passando o feriado na ilha. Rottnest Island é a ilha da Paquetá deles, a única diferença é que aqui tem praias lindas e é toda preservada, mas tudo bem. Pegamos as bikes e fomos circundando a ilha até chegar à casa onde o Ricardo estava. No caminho diversas praias lindas, águas caribenhas, mas como sempre muito frias. A Denise não curtiu muito este lance de bike e praias só pra olhar, mas eu achei o lugar lindo, acho que no verão valeria a pena passar um feriado ali.


Chegando em Rottnest.


Caindo na estrada.








Praia básica.

Praticamente Paquetá.







Olha o gingo de camisa na praia. Tava frio!





Por fim chegamos a casa do Ricardo pra almoçar, a Denise tentou pegar um sol com a Flavia, mas logo voltou por causa das moscas, isso ela vai ter que se acostumar pois a Austrália é a terra das moscas, hehe. Depois de um típico churrasco australiano numa churrasqueira a gás, tivemos que nos despedir pra pegar nossa barca de volta pra Perth. Terminamos nosso passeio com um belo por do sol e fomos direto pro hotel pra descansar depois de um dia de ciclismo. Lá pelas 20:30 resolvi comer alguma coisa, a Denise estava morta, dormiu direto. Decidi passar em uma lojinha de conveniência que fica perto do hotel, eu só tinha esquecido que as coisas aqui fecham às 18hs, ou seja, dei com a cara na porta. Como não tinha nada aberto voltei para o hotel pra comer no restaurante de lá, mas quase não consegui comer nada, pois ele fechava às 21hs, coisas de cidade pequena.


Não tão frio pra recusar uma cervaja, hehe.

Tentando pegar um sol.

 
Voltando pra Perth.



No outro dia acordamos cedo a fomos passear pelo centro da cidade, como segunda feira era o chamado Anzac day (dia de comemoração da II Guerra), hoje haveria paradas na rua e diversas homenagens. Primeiro fomos dar uma volta no jardim botânico da cidade, o Kings Park, o lugar é lindo, com uma vista fantástica do centro. Tiramos varias fotos, vimos o povo homenageando os mortos da guerra, paramos pra pegar um solzinho e fomos para o centro tentar ver a parada. Acabamos que ao chegar no centro já não tinha muita coisa, o povo já estava voltando com suas bandeirinhas da Austrália. Mas ainda deu pra assistir a uma homenagem que estava acontecendo na beira do rio.


Kings Park, vista do lado sul da cidade.

Monumento aos mortos da segunda guerra.


Vista do centro da cidade.


Caminhando no parque.





Galeria estilo medieval.


Homenagem aos mortos da guerra.





Assistindo um filme em 3D com nossos amigos.



Encontramos com dois amigos nossos que conhecemos no fórum da Austrália, eles tinha acabado de se mudar. Eles foram nos mostrar o centro, ficamos batendo um papo e depois fomos assistir um filme. Apesar de ser um dia festivo de domingo, bateu o cair da tarde e o centro ficou deserto. Saímos do cinema umas 19:00 e aprecia ser 11hs da noite. Até pensamos em procurar um restaurante, mas acabamos desistindo pois não tinha nada aberto e fomos jantar no hotel mesmo. Depois foi só arrumar as malas e partir pro aeroporto rumo a Brisbane. Acho que este post ficou imenso, prometo ser mais sucinto em Brisbane. Fui!