quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Missão de reconhecimento - parte I

As etapas do processo estavam cada vez mais se concretizando durante todo o ano de 2009 e inicio de 2010 e estava chegando a hora de pensar em conhecer o país. Conseguimos cumprir a primeira meta que era ter uma confirmação de que meu diploma tinha valor na Austrália como urbanista, pois sabíamos que sem o reconhecimento profissional seria impossível conseguir o visto permanente. Mas ainda faltava receber o reconhecimento como arquiteto, que era o mais esperado, porque nos daria mais pontuação ao aplicar para o visto. De qualquer forma, já dava pra passarmos para um segundo momento nesta empreitada, que seria a “missão de reconhecimento”.

Estava acompanhando diversos blogs de brasileiros que foram tentar a vida na Austrália, além do fórum de discussão onde as pessoas trocam experiências sobre o assunto, e o que normalmente via eram pessoas indo morar em um país que nunca visitaram. Para nós isso parecia um pouco arriscado, pois apesar de hoje em dia nós termos acesso a tanta coisa na internet, nada se compara a uma visita ao vivo ao local.
 
É claro que sabíamos que uma viagem para Austrália seria muito cara e é por isso que muita gente acaba achando melhor guardar este dinheiro para se preparar para morar em outro país. Mas, mesmo assim, achamos que tomar uma decisão tão importante em nossas vidas, como essa, merecia este investimento. Precisávamos realmente ver de perto como seria nossa vida em outro país, como era o dia-a-dia nas grandes cidades, qualidade de vida, cultura, aceitação do imigrante e mercado de trabalho, se fosse possível.
 
Foi o que fizemos, no inicio de 2010 demos entrada no visto de turista e nos preparamos para viajar no fim de abril. Além do visto, mandei diversos e-mails para empresas de arquitetura para tentar fazer um contato informal com alguma delas e sentir como seria a receptividade de um arquiteto estrangeiro no país. Por sorte consegui uma resposta positiva para cada cidade que iríamos visitar: Sydney, Melbourne, Perth e Brisbane. Escolhemos estas 4 cidades pois são as maiores do pais, e, portanto, onde teríamos maiores oportunidades de emprego. Roteiro montado, contatos feitos, visto concedido, passagens compradas, só nos restava esperar o dia da viagem.
 
Como eu fiquei responsável por pesquisar e organizar toda esta historia de imigração, acabei me informando de muita coisa sobre o país, através de textos, blogs, vídeos, etc. Com isso, eu acabei criando uma imagem do que provavelmente iríamos encontrar lá, mas para a Denise seria algo que poderia surpreende-la, tanto  para o bem como para o mal, o que me preocupava. Será que ela iria gostar mesmo do país, ou voltaríamos com a certeza de que ali não era nosso lugar?
 
Apesar de já termos feito uma viagem longa de avião para Polinésia Francesa (12 horas aproximadamente), não sabíamos quão cansativa seria uma viagem que levaria mais que o dobro do tempo da anterior, contando todo o tempo de vôo e conexões. Realmente a viagem foi muito longa e cansativa: tivemos uma escala em São Paulo, 4 horas de vôo até Santiago, uma parada de 4 horas de conexão neste aeroporto, mais 13 horas até Auckland, 2 horas de espera para outra conexão, e por fim 3 horas até Sydney. Apesar de termos voado com uma companhia aérea muito boa e um avião bem confortável, chegamos em nosso destino destruídos, mais de 24 horas de viagem e fora o fuso horário de 12 horas.
 
Mas o que mais nos deixou desanimados nesta jornada foi que realmente nos demos conta que é muito chão (ou melhor, água) até a Austrália, e que, provavelmente, muita gente não terá a disposição de ir nos visitar no futuro. Bom, mas isso não poderia nos desanimar, pois, afinal, já tínhamos uma noção de que isso  era inevitável, e, de certa forma, temos que nos acostumar com esta realidade.
Nossa primeira parada foi Sydney, viajamos mais de 24 horas e chegamos de manhã na cidade por causa do fuso. Assim não seria recomendado chegar no hotel e dormir, pois tínhamos que nos adaptar ao novo horário. Apenas passamos no hotel pra deixar as malas e tomar um banho, pois o desodorante já tinha vencido faz tempo, hehe.
 
Nossa primeira impressão da cidade foi a melhor possível, passemos pelo centro da cidade, andamos pela área das barcas (Circular Quay) e o jardim botânico (Royal Botanic Gardens) onde se pode ver toda a baía de Sydney (Harbour Bay), o centro da cidade (chamado de CBD), a ponte (Harbour Bridge), e claro, o famoso Opera House.

Primeiro rango em Sydney.

Centro de Sydney




Chegando em Circular Quay


O povo aproveitando a feirinha ao ar livre pra almoçar no meio da rua.






       


Catedral de Sydney




A cidade realmente é muito bonita, a relação da cidade com a baía é fantástica, parece muito com a morfologia da nossa cidade, mas a diferença é que a baia é limpa, com belas praias e bairros super valorizados. O centro de Sydney tem diversas atrações, a cidade é bem cosmopolita, mas não se vê tanta gente nas ruas, mesmo em dia de semana. Vimos muitos museus, lojas, restaurantes, parques, além diversas atrações turísticas. As pessoas realmente curtem passar o fim de semana passeando no centro.

Mais do centro da cidade.




O famoso prédio do Opera House.

Botanic Garden - estufa.


Cacatuas no Botanic Garden

Entrando no "aussie way of life".


Botanic Garden

Botanic Garden

Botanic Garden

Vista da baía com Opera House e Harbour Bridge ao fundo.

Apesar de nossa vontade de passar o dia conhecendo outros cantos da cidade, o cansaço falou mais alto. Voltamos para o hotel às 18 horas e capotamos até o dia seguinte. No outro dia aproveitamos a manhã linda que estava fazendo e fomos fazer um passeio bem popular por lá que é caminhar pela orla das praias, do lado leste da cidade. Pegamos um trem até Bondi Junction e de lá um ônibus até Coogee, a primeira praia do roteiro. Já de cara apanhamos com o sotaque australiano: ao entrar no ônibus eu perguntei quanto era a passagem, achando que seria preço único; o motorista respondeu algo ininteligível e, mesmo repetindo, não deu pra entender nada, mas acabei percebendo que seria algo em relação ao nosso destino; foi quando lembrei que li algo sobre a passagem ser cobrada de acordo com a distancia que você irá percorrer. No final deu tudo certo, mesmo sabendo que este seria apenas o primeiro de várias surras que levaríamos com o sotaque caipira deles, hehe.
 
O passeio pelas praias foi lindo, percorremos uns 7 quilômetros de praia, todas super organizadas e limpas, com piscinas públicas na beira da água, vestiários, chuveiros, churrasqueiras, etc, tudo grátis. A população curte passar o fim de semana ao ar livre, tanto caminhando como deitado nos parques e praias. Sentimos um clima bem parecido com o do Rio, as atrações naturais são diversas, e as opções de programas ao ar livre também.

Começando o passeio por Coogee beach.

Piscina de água natural em Coogee.

Chuveiro público na praia.
 
Coogee beach.



Clovelly Bay. Local de prática de snorkeling. Praia e piscina ao fundo.
 
Cemitério de frente pra paia, muito bizarro...

Bronte beach.

Pausa pra pegar um solzinho...



Bronte beach, no fundo tem outra piscina natural, vestiário, etc.


Café da manhã na praia. Churrasqueiras publicas.


Finalmente, Bondi Beach, com sua linda piscina pública de água natural (veja as ondas entrando pelo canto).

Nossas última parada nesta caminhada foi Bondi Beach, que seria a Copacabana da cidade. Bondi (os australianos falam “bondai” assim como Coogee é pronunciado “coldgi”) é a praia mais famosa de Sydney,. Há muitos bares e restaurantes, surfistas e estudantes que vêm morar nos prédios e casas antigas,e de certa forma mal conservadas. Mas, mesmo assim, é um lugar legal pra quem quer mais agitação e pegar um sol. Como já era meio-dia, e acordamos bem cedo, resolvemos almoçar por lá. Rodamos por muito tempo à procura de um restaurante que servisse almoço, mas percebemos que o povo lá não tem muito costume de bater prato no almoço, eles ficam mais no sanduíche ou em um prato bem rápido, tipo japonês ou uma salada. Na verdade, muita gente ainda estava tomando café da manhã naquela hora, pois era fim de semana, que mais se parecia com um “brunch”, pois eles comem ovos, bacon, etc, tipo americano mesmo. Acabamos achando um fast-food árabe que parecia ser algo mais saudável e substancial.

Bairro de Bondi, com sua praia e restaurantes em volta da orla.


Bondi Beach.


Rodando Bondi a procura de um almoço.


Almoço em estilo árabe.

Depois do rango pegamos um ônibus e fomos conhecer a orla voltada para a baía, esta área poderia ser comparada com a Urca, pois é um local super valorizado, com várias casas imensas e lindas, além de ser  tranqüilo e muito lindo. Passamos por uma praça onde estavam rolando várias apresentações de música e dança e pudemos ver o “aussie (é como eles denominam o termo “australiano”) way of life”. O povo adora fazer uma farofa, mas farofa mesmo. Eles sentam na grama, trazem de tudo e almoçam ali mesmo: é frango, sanduíche, bebida, isopor, etc. Achei bem legal ver isso, pois começamos a ver que os australianos são muito tranqüilos e relaxados, não se preocupam com aparência, com o que os outros vão pensar. O que eles querem é curtir e relaxar.

The Gap Park, na ponta da baía.



The Gap Park.


The Gap Park.
Watsons Bay e o centro da cidade ao fundo.

O povo fazendo a farofa no gramado.

Apresentação musical no parque.
A casa dos bacanas da área.

Vista da baía de Sydney.

Mais uma voltinha no centro antes de ir pro hotel.


Harbour Bridge de perto.
Opera House.

Depois de um dia inteiro de caminhadas, acabamos capotando de novo bem cedo. No outro dia pegamos um vôo para Melbourne (calma que ainda tem mais de Sydney na volta....). No próximo post eu falo desta outra cidade, até mais.

4 comentários:

  1. Sim, devemos estar mais ou menos na mesma fase do processo por isso... crossed fingers (em simultaneo :)
    Estou curiosa pelos próximos posts, principalmente do seu feedback sobre o mercado de trabalho

    Abs,

    Andreia

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  2. As fotos estão bacanas. Tio

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  3. Oi Thiago,

    Pois é... para mim também não tem sido facil "esquecer a Austrália" mas dei por mim a ver os mesmos blogs, foruns, sites, todos os dias! A ler e reler as mesmas coisas sem nada de novo nem esperança de que o tempo de processamento fosse realmente mais curto. Li em alguns foruns que, uma vez que os SS vão demorar a ser liberados, os 175 vão ser processados mais rapidamente mas... não nos podemos esquecer que o DIAC ainda esta a processar pessoas que aplicaram em 2008/2009 e que neste momento (tal como nós) têm a profissão na lista (schedule 3). Nós, que aplicámos há apenas um mês, teremos de esperar que todos esses vistos sejam aprovados e isso deve ser algo bem lento (Diac e rapidez é algo que não conjuga.. eh ehe!). Claro que tudo isto são suposições/especulação que vai surgindo nos foruns, porque a informação oficial é muito escassa. É também isso que me deixa mais ansiosa porque há falta de informação oficial, há muita especulação. Talvez por isso esteja (aos poucos) a tentar aceder menos aos foruns...

    By the way... voce acede ao seu status no" View Entitlement Details"??? Nem sei se é bom eu saber.. eh eh!

    Espero conhecer-vos em down under :)

    Abs,
    Andreia

    (acho que o seu editor de comments está com problemas... dá erro)

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  4. Olá Thiago e Denise! Que bom que vcs nos encontraram no blog, n tínhamos ainda o blog de vcs (agora já está na nossa lista de blogs hehe).
    Vamos manter contato.
    Thiago, até onde sei n há como trabalhar de arquiteta aqui, posso até fazer projetos, mas os créditos, autoria e responsabilidade ficarão por conta do arquiteto responsável, com registro na AACA. Semana que vem vou conhecer 2 arquitetos australianos e perguntarei sobre isso, para ter certeza.
    A construção civil está a todo vapor, há mtas vagas para arquiteto e tbm para desenhista, com salários bem mais altos do que de arquiteto no brasil rs.
    Desejo toda a sorte de bençãos durante o processo de vcs! E que venhamos a nos conhecer em down under em breve!
    Abraços

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