segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O que sentimos falta do Brasil (atualização do post de 2011)


Outro dia eu estava pesquisando algo nesse blog e dei de cara com um post de 2011, que escrevemos antes de vir pra Austrália, com uma lista de coisas que achávamos que iríamos sentir falta do Brasil (ou não) quando nos mudássemos pra cá (esse post aqui). Só que depois disso nunca mais escrevemos sobre o assunto, então eu acho que já estava mais do que na hora de reavaliar essa lista e ver com o que concordamos ainda (ou não).
Pra facilitar vou transcrever abaixo a lista em azul, e em vermelho faço minha atualização. Vou falar por mim, acredito que o Thiago tenha visões diferentes sobre alguns tópicos, mas como ele sumiu desse blog e quem manda agora sou eu, haha, o post vai ter o meu ponto de vista.
Vamos sentir falta da/do...
  1. Família: do natal, do almoço de domingo, das festas de aniversario, do carinho, apoio e segurança que eles nos dão.  Sim, sentimos muita, mas muita falta mesmo. Essa dor da distancia acho que nunca vai ficar menos dolorida…
  2. Amigos: das cervejas no plebeu, das discussões sobre assuntos polemicos, dos encontros, festas e reuniões, dos amigos de verdade que podemos contar a qualquer hora. Em parte. Claro que ainda sentimos muita falta dos amigos que ficaram, mas também fizemos novos e maravilhosos amigos aqui. Acho que nesse ponto o Thiago sente mais falta que eu por não ter encontrado aqui uma turma que se encontre frequentemente como a do Brasil. Eu, por outro lado, tenho os grupos de mães, amigas que tiveram bebe na mesma época que eu, os girls night, então consigo dividir mais.
  3. Comida: feijoada, dos churrascos com carvão e picanha na brasa, das comidas regionais (tapioca, rabada, moqueca, etc.), dos restaurantes de botafogo, da comida bem servida dos botequins. Em parte. Claro que sempre que vou no Brasil me esbaldo com as comidas, mas tem muita coisa que dá pra achar aqui (hoje mesmo comi arroz com feijão, tem churrascaria brasileira, e muitos produtos dá pra comprar online com preço aos olhos da cara). Fora que eu já me acostumei com as comidas daqui, então quando vou pro Brasil é que sinto falta da vegemite. Mentira! haha Não tem como gostar dessa bosta salgada, e continuo com a regra de que essa porcaria não entra na minha casa, apesar do Lucas amar e comer na creche (hunf). Agora falando sério: estou mesmo acostumada com a comida daqui, com a variedade de comida internacional, e nem peco mais pra me trazerem biscoito e chocolate do Brasil! (tá, mentira de novo, eu peço bombom serenata de amor e mate leão em erva pra fazer mate gelado em casa. Mas só!)
  4. Musica: do forro e samba do democráticos, das marchinhas dos blocos de rua, dos shows no circo voador, do chorinho da feiras de domingo, das musicas regionais, mpb em geral, etc. Hum, de novo em parte. Eu sinto falta de dançar forró, da música brasileira, mas acho que o Lucas trouxe um novo ritmo as nossas vidas. Da última vez que fomos no Rio, mesmo tendo a família pra ficar de babá e saindo pra um samba na Lapa ,não é mais a mesma coisa, fico com saudade dele, quero voltar cedo pra dormir cedo e aproveitar o dia com ele, enfim, ele mudou nosso ritmo. E não foi algo forçado ou sofrido como eu achei que seria, foi só algo natural que a presença dele nos trouxe. Pode ser que isso mude daqui a uns anos, quando ele estiver maiorzinho, vamos ver.
  5. Diversas casas de suco natural do Rio. Nem sei dizer se isso faz falta, porque na verdade me acostumei a beber mais água aqui e comer a fruta inteira, que é o que faço com o Lucas e adotei pra mim. Claro que fruta aqui é mais cara e tem menos variedade que no Brasil, mas já me acostumei também e isso se incorporou no nosso orçamento. E fora que do jeito que o Rio está caríssimo, não sei se mesmo com a conversão aqui sai mais caro não…
  6. Mate de latão e do biscoito globo da praia. Sempre, saudades eternas de mate e biscoito globo.
  7. Bares da lapa. Aqui cai no mesmo do item 4. Sinto falta mas ao mesmo tempo estamos em outro ritmo de vida. Fora que a cerveja aqui é infinitamente melhor que no Brasil, isso até o Thiago há de concordar.
  8. Praias do Rio e do Brasil. Sim, isso sinto falta, da água quentinha, do calor que dá pra ir pra praia em qualquer horário, da brisa que quando tem é leve e não esse ciclone gelado daqui (a exagerada). Aqui vou muito menos na praia, porque quando está sol e calor é um maçarico de raio cancerígeno, e no início da manha e no fim da tarde já começa o vento gélido (a exagerada parte II).
  9. Doces com sabor, leite condensado, brigadeiro, requeijão, etc. Bom, pelo tamanho da minha circunferência de cintura isso não deve estar fazendo tanta falta assim… haha Mas sério, já aprendemos a achar doce com sabor aqui (vide esse meu post) e leite condensado tem em qualquer mercado, dá pra fazer brigadeiro em casa.
  10. Carnaval. Não sei do que o Thiago tinha saudade, porque já andávamos de saco cheio da zoeira que fica no Carnaval. Só se for do feriado prolongado que sinto falta…
  11. Calor do povo brasileiro. Sim, faz falta, muita falta. Mas com esse “calor humano” vem o jeitinho, a mania de chegar atrasado, a intromissão na vida alheia. Então fico meio dividida: sinto falta de alguns aspectos, mas de outros quero distancia.
  12. Futebol toda quarta e domingo. Não sei do que o Thiago achava que ele ia sentir falta se ele nunca jogou futebol com essa assiduidade. haha (explanando o marido)
  13. Informalidade do carioca. Igual ao item 11. Sinto falta de alguns aspectos, mas quero distancia de outros.
  14. Língua portuguesa. Sim, faz falta falar a sua língua, não ter que puxar a memória para falar bem inglês (tenta quando vc está sem dormir a noite por causa do bebe), saber todas as gírias e se “integrar” mais facilmente. Mas falamos só português em casa, a maioria das músicas que ouvimos são brasileiras, e temos muitos amigos brasileiros pra matar a saudade.
  15. Almoçar comida nos dias de trabalho. Continuamos fazendo, cozinhamos em casa e levamos. Esse negócio de almoçar sanduíche como os australianos não dá sustança não…
  16. Dançar forró, samba, etc. É impressão minha ou repete o item 4? Ai, Thiago e sua mania de não revisar texto…
  17. Belezas naturais da cidade maravilhosa (montanhas, cachoeiras, animais, natureza em volta da cidade). Até sinto (o Rio é realmente lindo), mas de que vale tanta beleza se é tudo sujo, mal conservado e perigoso? Sydney também é lindíssima e tem ainda mais natureza a disposição (vide o passatempo preferido do Lucas que é perseguir os passarinhos nos parques).
  18. Cinemas alternativos de Botafogo com varias opções de filmes fora do circuito normal, além do festival de cinema do Rio. No início eu sentia muita falta disso, das minhas maratonas no festival de cinema, mas agora não tenho tempo mesmo pra ver filme (a não ser que seja Frozen, o preferido – e único – do Lucas), então é melhor estar longe do que ficar na tentação.
  19. Passeio na Lagoa no domingo. Também não sinto falta, aqui cada semana vamos explorar um parque novo, e são tantas opções lindas e bem cuidadas que colocam a Lagoa no chinelo.
 Não vamos sentir falta da/do...
  1. Corrupção / transgressão das leis. De acordo.
  2. Bagunça urbana das cidades. De acordo.
  3. Jeitinho brasileiro / malandragem do carioca. De acordo.
  4. Gente furando fila. De acordo.
  5. Lixo nas ruas. De acordo.
  6. Aspones. De acordo.
  7. Burocracia do serviço publico. Aqui também tem, apesar de que de um jeito mais “certinho”.
  8. Desperdício da coisa publica. De acordo.
  9. Descaso das autoridades. De acordo.
  10. Concurseiros de plantão doidos pra passar em um concurso publico pra mamar nas tetas do governo e participar da festa do desperdício. De acordo.
  11. Desemprego ou a falta de oportunidade de mudar de ramo, da estabilidade profissional mesmo em áreas privadas. De acordo.
  12. Desigualdade social / pobreza. De acordo. Claro que aqui tem pobreza, mas numa quantidade infinitamente inferior.
  13. Custo de vida no Rio. Aqui também é bem elevado, mas o poder de compra aqui é maior.
  14. Violência. 100% de acordo.
  15. Falta de educação e solidariedade das pessoas. De acordo, ainda que aqui vez ou outra também tenha claro.
  16. Desrespeito com o próximo, com o meio ambiente, com o patrimônio publico, etc. De acordo.
  17. Qualidade dos serviços públicos (saúde, transporte, educação, cultura, etc.). De acordo.
  18. Falta de apoio do governo. De acordo.
  19. Falta de estabilidade, segurança para planejar o futuro sem ter que passar pra um cargo publico. De acordo.
  20. Indicação para se dar bem, QI. Aqui também tem QI, mas não tão forte como no Brasil.

Os itens que não vamos sentir falta podiam ser bem mais elaborados, eu sei, mas aí periga vir o pessoal coxinha aqui nos comentários, o “fora dilma”, “PT é a raiz de todo mal”, e eu sinceramente não estou com o saco de entrar nessa discussão. Quem sabe um dia entro de novo nesses assuntos “socialistas” (como já me chamaram, diga-se de passagem, nos comentários do blog).

9 comentários:

  1. Muito bom o tópico Denise, estive aí em Maio do ano passado viajando, e o que posso dizer que mais sinto saudades (fora estar de férias hehe) é da educação das pessoas, claro que pode haver suas exceções, mas num geral, é muito bacana ver esse senso comum de civilidade que a educação trás... um exemplo que passamos foi passar por toda muvuca do vivid sydney e voltar tranquilamente para casa de ônibus e a pé a noite, sem aquele medo demasiado com relação a violência, vi que as coisas funcionam, o ônibus poderia até demorar um pouco, mas isso não causava um estresse excessivo e cada um ia seguia seu caminho calmamente.
    Com relação as coisas que se sente saudades, imagino que sem dúvida, a maior delas é a família, as pessoas próximas, essas são insubstituíveis.
    Eu e meu marido estamos nos preparando para imigrar, e é muito bacana acompanhar o blog de vcs.
    Também sou arquiteta e já levantei toda documentação que o AACA exige, mas confesso que o que eles estão pedindo como todas s ementas traduzidas tá saindo meio pesado ($$$), são cerca de 200 folhas de tradução juramentada, estamos preparados com uma reserva, mas passar na primeira fase do AACA só permitirá aplicar no SOL, fora isso, dificilmente no início acredito que trabalharia como arquiteta aí, no máximo uma draftsperson ou project assistant... to pensando em talvez ir por aí... não sei, ainda estou na dúvida...
    Uma pergunta: vc tiveram alguma assessoria profissional para imigrar? Ao mesmo tempo que imagino que esses agentes poderiam agilizar as coisas, também fico um pouco com o pé atrás....
    Tudo de bom para vcs aí! Abraço!

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    1. * por favor não ligue para meus erros, digitei tudo no celular e sempre tem o maldito corretor... hahaha

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    2. Oi Amanda,

      Infelizmente o processo é caro mesmo. Nós também gastamos uma grana pra traduzir tudo. Mas acho que tradução juramentada foi só dos documentos essenciais que a imigração exigia, o resto (incluindo as ementas) foi tradução simples. Não sei qual a sua experiência profissional, mas pq vc acha que não conseguiria emprego como arquiteta? É claro que vc talvez precise dar um passo atrás na carreira e começar como junior (graduate architect como chamam aqui), mas não vejo motivo pra vc buscar vaga de draft não.

      Não tivemos nenhuma assessoria profissional, o Thiago correu atrás e fez tudo sozinho. Lá no início do blog ele contava bastante como foi o processo.

      Se tiver mais alguma dúvida me escreve um e-mail: denisefpg@gmail.com.

      Boa sorte!

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    3. Olá Denise,
      O AACA tá pedindo tradução juramentada de tudo (por tradutores naati ou com reconhecimento da embaixada aqui)...
      Acredito que tenho capacidade sim para trabalhar como arquiteta, inclusive me capacitei em revit e em archicad, programas do sistema BIM que já são requisitados aí. Imagino que no começo nada é fácil, mas de repente dei uma desanimada e passou pela minha cabeça a possibilidade de tentar algo um pouco mais fácil para começar... mas com certeza, a idéia principal é da arquitetura.
      Vou te mandar um e-mail para não me prolongar demais aqui, também não quero incomodar vcs e por isso já agradeço de antemão todas as dicas e informações, elas ajudam bastante.
      Obrigada!

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    4. Opa! Posso acompanhar esse papo? Meu marido é arquiteto e estamos começando "os estudos" para iniciarmos nosso processo de imigração em breve. Se tudo correr bem, já no fim desse ano darei entrada!
      Amanda, me dá uma idéia de custo que vc está tendo pra traduzir? Olha me recomendaram um tradutor que não cobrou caro. O contato do cara é: jafgomes@hotmail.com (Jefferson). Eu não o conheço, mas peguei o contato num blog.
      Grata

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  2. Ri muito e concordei em tudo. 😜😃😘

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  3. Nossa, tudo o que eu estou buscando fugir! kkkkk Gostaria de saber o que acharam daquela Carta Aberta ao Brasil do americano Mark Manson. Se eu ainda tinha alguma dúvida se valia a pena largar tudo (oi, o que é que eu tenho aqui mesmo hein? além da familia e amigos) em busca de uma vida melhor, isso eliminou totalmente minhas dúvidas e me fez ficar com mais vontade ainda!

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