Outro dia eu li num blog de um brasileiro que vive nos EUA a dificuldade que é por lá conseguir crédito na praça (pra comprar parcelado, pegar empréstimo, etc). Quando eu li pensei: “nossa, que dificuldade, ainda bem que na Austrália não é assim”. Ledo engano...
Não sei de onde que eu tirei que não era assim, acho que porque nunca tinha ouvido falar desse “credit score” por aqui. Verdade seja dita, já tinham me falado da dificuldade de conseguir crédito na Austrália, mas achei que era exagero (se vc ler esse post, Ricardo, já peço desculpas por ter duvidado de vc... rs E reconheço que vc tinha a mais absoluta razão!).
Mas chega de enrolação e vamos aos fatos que me levaram a essa triste descoberta.
Como já contei aqui, decidi voltar a estudar e fazer um curso de Community Services. Fiz as unidades que me mandaram estudar como pré-requisito para entrar no curso (já que não tinha o backgraound na área e esse curso é a nível de Diploma, portanto mais avançado), que me tomaram quase 3 meses e muitas horas para completar as 3 avaliações online (já tinha esquecido o trabalhoso que é fazer trabalho acadêmico, pesquisar bibliografia, etc, e some-se a isso a dificuldade de escrever páginas e mais páginas de argumentação em inglês). No final correu tudo bem, passei com ótimas avaliações e tudo caminhava pra minha inscrição no curso de diploma.
Primeiro mito que já desmistifico aqui: residente permanente não tem direito ao crédito estudantil concedido pelo governo australiano. Esse crédito concedido pelo governo chama-se “VET FEE-HELP” e é uma mão na roda para financiar os estudos, vc só paga quando estiver trabalhando e ganhando um valor mínimo x de salário, e mesmo assim as parcelas são bem suaves. Eu até achava que residentes tinham direito a isso, já que temos quase todos os mesmos direitos de um cidadão australiano. Mas não, só os vistos de residência concedidos a refugiados dão direito a esse crédito estudantil.
Mesmo sem ter direito a isso, a moça do curso me garantiu que eu poderia pagar parcelado em 12 vezes. Até achei estranho, pois aqui não existe essa coisa de pagamento parcelado pra tudo como no Brasil, mas enfim, acreditei nela. Quando chegou a hora do “vamos ver” é que fui descobrir que esse parcelamento quem faz não é o curso, mas uma empresa financeira terceirizada, como se fosse um empréstimo mesmo. Mas como era sem juros e só tinha que pagar uma taxa de $60 + $2.90 por mês, achei que valia a pena. O próprio curso aplicou pra mim, após um questionário de dez minutos no telefone em que eles perguntam absolutamente TUDO sobre sua vida: dados do apto onde vive, há quanto tempo, quanto paga de aluguel, se tem bem (casa própria, carro), se tem conta poupança, quanto tem na conta, se tem cartão de crédito, se é casado - quanto o companheiro/marido ganha de salário, qual a estimativa de gastos mensais com casa/comida/entretenimento, etc. Igualzinho tive que responder quando pedi cartão de crédito no banco, um saco (e que diferença pro Brasil!).
No final ela disse que iria submeter pra tal financeira e eu receberia a resposta em algumas horas. Eu estava crente que ia ser aprovada sem sombra de dúvida, pois não tenho dívida, tenho carro próprio, meu salário e do Thiago é mais do que suficiente pra cobrir nossos gastos, etc. Eis que 1 hora depois recebo um email dizendo que o financiamento foi negado! Oi? Por que? Tem que ligar pra financeira. Liguei já p. da vida e questionando porque diabos eles negaram uma pessoa tão idônea quanto eu. haha Resposta: senhora, reconhecemos que sua renda mensal é mais do que suficiente pra cobrir o empréstimo, mas seu pedido foi negado porque vc não tem “credit history”. Oi?? Explica melhor isso. Resposta: a senhora não tem histórico de créditos anteriores (além do cartão do banco), como empréstimos pessoais, pro carro, etc. Péra, deixa eu ver se entendi. Meu pedido de crédito foi negado porque eu não tenho dívida, sempre paguei tudo a vista sem precisar pedir dinheiro pro banco/financeira, é isso? Sim, basicamente é isso.
Minha vontade era matar o cidadão no telefone! Ainda esperneei mais um pouco (e haja inglês pra tudo isso... Em tempo: parcelamento se diz “installments” em inglês), mas não teve jeito.
Tive que partir pra um pedido de empréstimo no meu banco, a uma ridícula taxa de juros de 15% ao ano, pra poder criar meu crédito na praça. Quer dizer, isso se o banco também não negar meu pedido pelo mesmo motivo... Ainda estou na espera.
Resumo da história: se vc é certinho como eu, não faz dívida, nunca entrou no cheque especial, sequer compra no cartão de crédito, paga tudo a vista (o velho ditado: se tenho dinheiro compro, se não tenho não compro), no final, seja no Brasil seja na Austrália, só se f... haha
Dona Denise
ResponderExcluirqdo compramos o primeiro carro aqui, mesmo querendo pagar a vista, "deixei" 20% financiado, pra abrir um historico.
Nao se apoquente nao, depois que voce pegar o seu primeiro financiamento, vais pegar tantos outros que o teu extrato bancario vai parecer uma lista infindavel de numeros - afinal de contas, aqui ninguem eh dono de nada ;)
Oi Denise, acabei de aplicar para um financiamento tb, e foi a mesma situação. Juros de 12% foi o que consegui, melhor do que os 15% do banco. Pelo menos agora vou ter o credit history. ;)
ResponderExcluirA gente fez cartao de crédito só por causa desse "credit history". Uma meleca, sempre preferi pagar no cartao de débito e nao fazer nenhuma dívida, mas enfim...
ResponderExcluirTeve um outro cartao que fizemos, só pra pagar os móveis que compramos todos de uma vez, e esse cartao oferecia parcelamento. As lojas nao oferecem, mas alguns cartoes sim, dá uma olhada depois. Acho que o nosso é do HSBC (esse do parcelamento).