sábado, 28 de dezembro de 2013

Wet'n'Wild Sydney

O escritório onde o Thiago trabalha tinha o Wet'n'Wild (aquele parque aquático conhecido, acho que dispensa maiores apresentações) como cliente. Assim, antes da abertura oficial do parque eles fizeram uma abertura para convidados e o Thiago entrou no sorteio de ingressos.

Pra meu azar ele ganhou os malditos ingressos... rs Explico: eu detesto parque aquático! Na verdade já nunca fui muito fa de piscina, tenho meio nojo daquela água parada onde as pessoas entram sujas, fazem xixi, e nem adianta me dizer que tem filtro e tal, porque pra mim continua nojento. Já me perguntaram porque eu tenho nojo de piscina e não do mar, mas acho que dispensa explicação, né? Olha o tamanho do mar e o da piscina! A água dilui muito mais no mar, tem as ondas que “limpam”, e tal. haha Se bem que se for aquelas praias de lagoa eu também tenho nojo, pra mim é igualzinho a piscina. Tá, doidera de gente com TOC, eu sei, mas fazer o que, eu não podia ser perfeita...

Voltando ao assunto, fui poucas vezes em parque aquático na vida, evitava sempre que podia. Depois dos 18 anos só me lembro de ter ido umas 3 vezes, 2 no Brasil por insistência dos amigos, e outra no próprio Wet'n'Wild, mas de Cancun, apenas porque era lá que tinha a atração com golfinhos mais barata. Tá, agora além de doida do TOC vcs devem estar me achando mão de vaca também...

Com esse prólogo, pode-se imaginar minha falta de animação com o ingresso pro Wet'n'Wild. Mas o Thiago estava tão animado que não tive coragem de vetar, apesar de ter tentado, então fomos lá.

Era um sábado de sol, só não digo que quente pois isso anda difícil aqui em Sydney. Pelo menos pros meus padrões cariocas, se for abaixo de 30 graus não ta valendo... rs Mas só de estar sol sem vento gelado já não podia reclamar. Como agora moramos em Sutherland, perguntei pro Thiago: “onde fica o parque?” No que ele responde que em Bankstown. Achei estranho pois esse bairro é bem perto do centro, e esses parques costumam ficar mais afastados, mas enfim, então sugeri de irmos comer no restaurante de uma amiga que fica num bairro ali perto. O Thiago já reclamou, claro, pois queria chegar no parque assim que abrisse pra ficar horas lá, o que eu tive que fazer uma séria objeção, também não dá pra abusar da minha boa vontade, né!

Enfim, foram 45 minutos de carro da nossa casa (agora no sul de Sydney) até o restaurante. Quando saímos de lá pedi ao Thiago o endereço certo pro GPS e quando fui ver no mapa não era em Bankstown, mas Blacktown! É como confundir a China com o Chile (aliás ele é mestre nisso, outro que ele adorava confundir era St Leonard com St Peters, um no norte e outro no sul/leste)... Resultado: mais uns 40km de onde estávamos! Reclamando xingando um pouco, lá fomos nós.

Por conta do maldito GPS e da minha ignorância em seguir as instruções demoramos quase 1 hora pra chegar no maldito parque. Chegamos já eram 3 horas e eu pensei, bom, como fecha as 5, a galera já deve ter ido embora, vai estar vazio, ficamos de patrões da piscina e vamos embora em breve: ótimo. O estacionamento estava vazio e achei mesmo que estava vazio.

Ao entrarmos, primeira decepção: não tinha mais armário disponível pra guardar as coisas, e com isso não podíamos ir nos brinquedos juntos pois alguém tinha que ficar com as tralhas coisas. Não que a essa altura eu ainda quisesse ir em algum brinquedo, pois as filas eram monumentais! Papo de pelo menos 30 minutos em cada. Como era possível? De onde surgiram aquelas pessoas todas??? Deve ter ido um ônibus de excursão desovar todo mundo ali, só pode...

Enquanto o Thiago foi reconhecer o terreno, eu sentei na grama numa das poucas sombras que achei para esperá-lo. Como meu marido me conhece bem, e sabendo que quando ele voltasse eu já estaria irritada e querendo embora, ele malandramente ao invés de só dar uma volta pra reconhecer terreno acabou indo nos tobogãs e me deixou mais de 1 hora praguejando esperando. Claro que quando ele voltou eu já estava irritada por ter ficado 1 hora sentada sem celular (que acabou a bateria nos primeiros 30 minutos) e sem a mínima vontade de ir nos tobogãs, seja pelo desanimo de pegar mais 1 hora de fila, seja pela quantidade de gente com pereba que vi passar na minha frente enquanto eu estava paguejando. Nojo, nojo, nojo... haha

Tirando toda a minha chatice, vamos aos fatos:

1) De todos os Wet'n'Wild que eu já fui esse me pareceu o melhor (eu sei, difícil acreditar depois do relato acima, mas é que eu sou chata e reclamona exigente mesmo). A área é grande, mas não gigante, então vc não anda horrores lá dentro.

2) Tem um gramado razoável na sombra, além de uma piscina com areia e vários guarda-sol ao redor de uma das maiores piscinas.

3) Tem a clássica piscina de onda (aquela tradicional e outra que promete uma experiência de surfe, essa última paga a parte), a das crianças com vários brinquedos, tobogãs interessantes, e mais um brinquedo que parece um bungee jumping, o SkyCoaster. Esse último não estava funcionando quando fomos e parece que se paga a parte do preço do parque.

4) O ingresso por 1 dia custa $69.99, mas se comprar o de temporada (que vale entradas ilimitadas até abril de 2014) sai a $124.99, o que acho que sai bem em conta.

5) Como de praxe lá dentro tem várias lanchonetes, o estacionamento é grande, o parque é bem organizado e com certeza o problema que tivemos com a falta de armário não vai existir num dia normal. Se bem que se vc for um velho rabugento como eu, vai se incomodar com a gritaria das crianças, com o cheiro de fritura das lanchonetes, etc.

6) A título de curiosidade, o que chama a atenção num parque aquático australiano para qualquer brasileiro são os trajes. Primeiro que raríssimas vezes vc vê um homem de sunga, é sempre short. (eu sei, nem todo lugar do Brasil os homens usam sungas, mas no Rio atualmente é praticamente a maioria); as mulheres se estão de biquini são aqueles grandes, quase uma fralda atrás. Digo “se estão” pois vi muitas de maio, ou algo no meio termo, como uma que vi com a parte de baixo tipo um sunkini e a parte de cima fechada e com manga longa! Mas nem aquele traje de praia árabe (tipo o desse link), era de manga longa mas com a parte de cima curta, tipo um traje de 2 pecas mesmo, esquisitíssimo (coloquei uma foto abaixo); muitas pessoas, principalmente os árabes e asiáticos vão de roupa mesmo, e nem é roupa de lycra, é de algodão mesmo e claro fica tudo encharcado. Pra arrematar ainda colocam um chapeu de pano! Não consigo entender... Claro, há também as mulheres muçulmanas que vão de hijab (aquele traje todo preto que cobre o corpo todo e o cabelo, só deixando o rosto de fora). Aliás, há um tempo atrás eu até via burqas totais aqui ou acolá, mas já faz muito tempo que não vejo. Já o hijab preto ou ao menos um véu cobrindo o cabelo + blusa de manga comprida e saia longa é cotidiano e dependendo do bairro até maioria.

Peguei na internet fotos de alguns dos modelitos que vi (parecidos, claro, pois não tirei foto no dia):







As fotos do parque em si tem no website deles, junto com mais informações sobre preços e atrações.

Resumindo: se vc gosta de parque aquático, é uma boa pedida. Senão, e se for fresco como eu pelo menos vai ser um passeio antropológico. :)

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Bracca e comunidade brasileira em Sydney

Como estou deixando alguns posts programados para as próximas semanas, já nao sei quando esse vai sair, então não dá pra dizer: “no ultimo fim de semana…”. rs

Melhor começar com: no último dia 15 fomos no jantar de Natal do Bracca. Pra quem não sabe o que é o Bracca explico: trata-se da Brazilian Community Council of Australia, cuja sede fica em Marrickville, um bairro de Sydney.

Eles são responsáveis por vários eventos brasileiros em Sydney, e no último dia 15 fizeram um jantar de Natal. Alguns amigos nossos se interessaram em ir também e acabamos fechando uma mesa de 8 lugares. Foi bem legal conhecer a sede do Bracca, a comida estava ótima e a música idem.



Fiquei até com vontade de participar mais da comunidade brasileira aqui, só me falta tempo (com trabalho + academia + afazeres de casa + curso + as centenas de horas de trabalho voluntário que tenho que cumprir pro curso, e ainda mais agora morando mais longe). Mas como eu sempre fui da teoria que falta de tempo é desculpa pra falta de interesse, já estou começando a correr atrás de algum trabalho voluntário com eles.

Uma coisa que sempre acreditei é que não se deve fazer com os outros o que não gostamos que façam com a gente. Uma coisa que foi crucial quando chegamos aqui foram as pessoas que nos ajudaram de alguma forma, os laços que formamos, e por isso procuro sempre retribuir, ajudar sempre que eu posso. Infelizmente muitas vezes não tenho a resposta pro que me perguntam por email, não conheço muito sobre áreas específicas e não sou agente de imigração. Também me irrita bastante os mal-agradecidos, os sem noção que acham que vc está ali pra servir, enfim, acho que todo mundo que tem blog reclama disso (aliás eu outro dia li um post ótimo sobre isso no blog do Renato, aqui) e esse não é um post de reclamação (quem sabe um dia eu faça um post só de mimimi... rs).

Morar em outro país é difícil, o começo é complicado e árduo, a saudade é uma constante que as vezes pesa demais e vc se pergunta se vale a pena continuar longe da família e dos amigos de longa data. Acho que morar fora é um eterno questionamento, uma eterna balança onde temos que ficar pesando se vale a pena ou não.

As vezes eu penso que não me envolvo mais com a comunidade brasileira porque muitas vezes o objetivo de vida é muito diferente, não me identifico com os estudantes que vem pra cá passar 1 ano e voltar, com o clima de oba-oba, com as atitudes erradas e falta de educação e civilidade que muitos trazem do Brasil. Também não me identifico com toda cultura brasileira, todo mundo sabe como é, o Brasil é grande demais e cada um tem suas preferências de “tribo”, preferências musicais. Eu, por exemplo, odeio música sertaneja (a não ser um cd antigo do Leandro e Leonardo que me traz boas lembranças das viagens de carro que eu e minha irma fazíamos com nosso pai... E que o Thiago odeia quando coloco pra tocar. haha), odeio pagode, odeio funk, axé, bossa nova me irrita, etc. haha Então nos festivais brasileiros confesso que preciso de uma boa dose de paciência pra aturar a maioria das músicas, o apelo sexual que sempre tem nas danças (aliás esse é outro ponto que sempre me irritou no Brasil, o machismo e o apelo sexual feminino. Mas isso é assunto pra outro post...).

Por outro lado, é a nossa cultura, sinto falta de ouvir português, do calor humano dos brasileiros, da simpatia. Por mais que vc more 5, 10, 20, 30 anos na Austrália ou qualquer outro pais fora do Brasil, o Brasil nunca sai da gente. Se um dia tivermos filhos aqui, com certeza farei questão de mantê-los ao máximo próximos da cultura brasileira, da música, dos livros, ensinar a língua, etc. E nesse ponto ter uma comunidade brasileira atuante aqui é muito importante, dá uma certa referencia, apoio.

Como esse post já ficou sem pé nem cabeça e nem era esse meu objetivo ao começar, segue a dica pra quem quiser saber mais informações: procurem o Bracca. Eles certamente vão poder indicar um advogado, um serviço, etc. E claro, contribua fazendo a sua parte, atuando na comunidade, retribuindo cada pequena ajuda que receber em dobro.

No fim acho que esse post vai sair bem no Natal, e com espírito natalino. :)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Show do Bon Jovi em Sydney

Sim, eu admito: amo o Bom Jovi (e já entrego logo, o Thiago também! rs). Ok, não conheço nada das músicas lançadas depois do ano 2000, mas ainda assim escuto as mais antigas sempre.

Uma inclusive era meu mantra nos primeiros meses difíceis que passei assim que chegamos na Austrália: Keep the faith. :)

Quando há muitos meses atrás descobrimos que eles fariam show aqui em Sydney, corremos pra comprar os ingressos. O show foi no último sábado, no ANZ Stadium que fica no Olympic Park.

Foi o primeiro show de grande porte que fomos aqui (já tínhamos ido no do Cake e Regina Specktor, mas eram em palcos menores), o público estimado era de 50.000 pessoas. Algumas coisas me surpreenderam:

1) Os organizadores estimulam que todos vão de trem/ônibus, pois o transito e o estacionamento ficam caóticos. Segundo o Thiago, o estacionamento vc só consegue vaga se reservar com antecedência, mas nem procuramos saber pois definitivamente não vale a pena o transtorno, acho que acaba demorando até mais ir de carro que de trem.

2) Para ir pro show não precisa pagar transporte, todo o deslocamento até lá é incluído no preço do ingresso, vc só precisa apresentar o ingresso na estação de trem. Se bem que isso nem foi necessário, pois na estação do nosso bairro não tem catraca e na do Olympic Park todas as catracas estavam abertas para facilitar a entrada e saída da multidão.

3) Eles disponibilizam trens extras para o evento, saía uma linha expressa a cada 5 a 10 minutos da estação Central, e só tinha uma parada antes do Olympic Park.

4) O estádio é super organizado, limpo, e como ficamos na arquibancada equivalente ao quarto andar tinha até escada rolante pra chegar lá! E acho que era o andar onde tinha área VIP também, pois o chão dos corredores era todo de carpete (ainda acho bizarro isso de carpete em todo lugar...rs).

5) Claro que chegamos lá e o Thiago já estava morrendo de fome (claro!). Fomos numa das muitas barraquinhas de comida/bebida, já pensando que ia ser uma extorsão (como ocorre nos grandes eventos no Brasil), mas não, foi super razoável: $15 por um cachorro quente + batata média + refri de 600ml. E ainda era no esquema vc pega e paga mais a frente. Não consigo imaginar isso num evento de massa no Brasil...rs

6) Na volta, como era de se esperar, foi um pouco mais tumultuado por conta da multidão saindo ao mesmo tempo pra pegar trem. Mas mesmo assim todo mundo andava devagar, esperava pacientemente na fila pra embarcar no trem, sem tumulto ou confusão. Aliás, o Thiago mesmo comentou que vimos pouquíssimos policiais ao redor do estádio, tanto na entrada quanto na saída. E os que víamos estavam mexendo no celular, conversando... É, acho que eles não devem ter tido muito trabalho mesmo. :)

7) Curioso que quando estávamos chegando vi uma mulher grávida de uns 7 meses e pensei: nossa, eu nunca iria pra um show grande desses com esse barrigão. Depois na volta já pensava diferente, de tão tranqüilo que foi.

7) Como manda o padrão australiano, o show estava marcado pra começar as 8 horas e as 7:45 avisaram no telão que começaria em 15 minutos. E começou mesmo!

Pagamos uns $100 pelo ingresso, e valeu a pena cada centavo! Como vcs podem ver por algumas fotos que coloco abaixo, o show de luzes foi sensacional, o melhor que eu já vi! E o som do estádio estava o máximo, não me lembro de outro show que eu tenha ido que o som tenha me agradado tanto.














Próxima empreitada: Dave Matthews Band em abril. :)

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Sendo multado na Austrália

No último fim de semana levamos nossa primeira multa. Explico: estávamos indo pra uma festa, eram 6 da tarde, e passamos pra pegar um casal de amigos. Eles entraram no carro e menos de 100 metros depois um policial nos parou.

Aqui um detalhe para a primeira diferença entre Brasil e Austrália: nem sempre quando vc for parado será pelas tradicionais blitz que conhecemos no Brasil. Aqui existem basicamente 4 tipos de situação:

1) A blitz tradicional, onde um mais carro de polícia montam uma blitz numa das pistas da rua e vários policiais param vários motoristas aleatoriamente, principalmente pra teste do bafômetro.

2) Um único policial, num único carro, monta uma blitz e para um carro por vez. Esse foi o nosso caso.

3) Um carro de polícia vê vc cometendo uma infração, ou suspeita de algo, e pede pra vc encostar e mostrar carteira, fazer teste do bafômetro, aplicar multa, o que couber.

4) Um carro a paisana faz o mesmo procedimento do item 3 acima, já que aqui muitas vezes a polícia está em casos a paisana para detectar infrações “when you least expect it”. rs

Imagino os itens 2 a 4 no Brasil, todo mundo ia pensar que é falsa blitz, assalto, etc. Triste...

Voltando a história, fomos parados e o policial pediu a carteira do Thiago, perguntou se ele tinha bebido e disse que iria fazer o teste do bafômetro. Aqui outra diferença: ao invés de assoprar no bafômetro, vc só tem que contar até 10, ou dizer seu nome completo, perto do aparelho. Não sei como ele consegue captar assim, mas enfim. Claro que deu negativo, no que o policial diz que vai nos aplicar uma multa porque um dos passageiros no banco de trás estava sem o cinto de segurança (o que nem tínhamos reparado...). E que a multa custava $400! Ele ainda perguntou se o Thiago achava justo. Como assim justo? Estávamos errados, fazer o que… O policial ainda ficou repetindo o sermão de que o motorista é responsável por todos os passageiros do veículo e tal.

Tudo bem que eu achei que o policial foi bem grosso, e podia ter dado só uma advertência verbal, como muitos aqui fazem quando a infração não é grave. Mas a lei existe pra ser cumprida, e estávamos errados, então fazer o que. Ainda estamos na dúvida se ele realmente aplicou a multa, pois pesquisando depois descobri que a multa de aplica também ao passageiro e no caso ele não pediu nenhuma identificação do passageiro do banco de trás. Vamos ver se a multa chega nas próximas semanas...

De todo modo, lição mais do que aprendida: não andamos mais nem 1 metro sem nos certificar que todos os passageiros estão com o cinto afivelados.

Ah, e apesar do policial ter falado que a multa era de $400, depois fui pesquisar e é na verdade de $298 pra cada passageiro sem cinto + 3 pontos na carteira. Isso para o motorista, e mais $298 para o passageiro que não colocou o cinto. Veja na tabelinha do RTA (que agora se chama RMS – Roads and Maritime Services) que se todos os 5 passageiros estiverem sem cinto a multa chega a $1,556! E 9 pontos na carteira, sendo que os pontos são dobrados em fins de semana prolongados em virtude de feriado.

Um dia falo sobre a lei relacionada a bebida alcoólica, que não é tolerância zero como no Brasil, mas é bem rigorosa nas punições, envolvendo até um processo no tribunal.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sistema de saúde e "socialismo"

Seguindo a dica do Paulo no último post, eu fui assistir Sicko – documentário do Michael Moore sobre o sistema de saúde nos EUA.

(detalhe que precisou eu assistir mais da metade do filme pra me dar conta que já o tinha visto, anos atrás. Bem que eu estava achando que eram muitos deja vu nas cenas, mas estupidamente só tive a certeza quando já estava na reta final do filme. Realmente minha memória anda ótima! #sóquenão)

Acho que é de conhecimento geral o quanto o sistema de saúde americano é um dos piores do mundo (senão o pior). Ainda assim não deixa de ser chocante. Mas o que me chamou a atenção e me fez escrever esse post foi a correlação com o sistema de saúde da Austrália e com o brasileiro.

Ainda que o sistema australiano não seja mostrado no filme, ele me parece ser bem semelhante ao francês e canadense mostrados: um sistema público e universal.

Mas aí vc pensa: peraí, mas o sistema brasileiro (o SUS) também é gratuito e universal. Isso só na teoria, claro, pois na prática o sistema brasileiro se parece muito com o americano para a população em geral: um sistema falido e elitista. Com o agravante de que no Brasil tem de quebra o “jeitinho brasileiro” pra furar fila de cirurgias no SUS, conseguir leito em hospitais lotados, etc.

Um outro ponto que achei interessante é o foco na prevenção que países como França, Canadá, Cuba e a Austrália fazem. O acompanhamento básico é feito com o GP (general practice, em alguns países chamado de médico de família), e encaminhamento a um especialista só em caso de extrema necessidade. Não são pedidos exames complexos para qualquer coisinha, como no Brasil. Os profissionais médicos de apoio (como enfermeiros) tem participação essencial e muitas vezes fazem a triagem a acompanhamento básico, sem nem passar pelo médico (o que no Brasil, infelizmente, é vetado fortemente pelo lobby do CFM).

Como eu já mencionei, os hospitais na Austrália são todos públicos, e vc será atendido da mesma forma independente de ser rico ou pobre, ter plano de saúde privado ou não. Claro que existem problemas, pessoas reclamam, mas é como uma senhora canadense comenta no filme: “todo mundo reclama de tudo”, porém o fato é que o sistema como um todo funciona.

Me chamou muita atenção também a parte em que o Michael Moore questiona a cultura do “eu”. Explico: a mentalidade que predomina nos EUA (e no Brasil) é o foco no indivíduo ao invés da sociedade. Daí a enorme aversão a programas sociais, que é o que eu mais leio em posts de amigos/conhecidos no facebook e comentários de brasileiros em geral – um tal de xingar/criticar duramente o bolsa família e qualquer tipo de auxílio social, sendo que eles existem em qualquer país desenvolvido do mundo! E são até bem maiores em países de primeiro mundo! (eu ia ficar horas escrevendo se fosse listar a quantidade de benefício social que existe na Austrália...) Outro dia li um texto excelente sobre isso nesse blog (aliás, o título do post é fenomenal: “Não penso, logo relincho”), que retrata tudo que eu penso e mais um pouco que eu não fui capaz de elaborar tão brilhantemente. :)

As pessoas tem uma dificuldade enorme em entender que welfare (bem-estar social) é bem diferente de socialismo. O Michael Moore trava um interessante diálogo com um canadense sobre isso. O canadense estava contando que quando esteve nos EUA teve um acidente de golfe e preferiu voltar ao Canadá pra se tratar, pois nos EUA o tratamento custaria $24,000 e no Canadá saiu de graça pelo sistema público de saúde. Transcrevo o resto da conversa literalmente:

MM – So if you'd stayed in the United States, this would have cost you $ 24,000? Instead, you went back to Canada, and Canada paid your total expenses?

Canadian: – Everything.

MM: – Paid for the operation. It cost you?

Canadian: – Nothing.

(...)

MM: – I'm wondering why you expect your fellow Canadians, who don’t have your problem, why should they, through their tax dollars, have to pay for a problem you have?


Canadian: – Because we would do the same for them. It's just the way it's always been and it’s the way we hope it'll always be.


MM: – Right, but if you just had to pay for your problem, and don't pay for everybody else's
problem, just take care of yourself?


Canadian: Well, there are a lot of people who aren't in a position to be able to do that. And somebody has to look after them.


MM: – Are you a member of the Socialist Party?


Canadian: – No. No.

MM: – Green Party?


Canadian: – No. Well, actually, I'm a member of the Conservative Party. Is that bad?


MM: – Well, it's just a little confusing.

Canadian: – Well... It shouldn't be. I think that... Where medical matters are concerned, it wouldn't matter in Canada what party you were affiliated with, if any
.”



Claro que existe também o outro lado, dos brasileiros se indignarem pelo fato de não verem o tamanho de impostos que pagam sendo revertidos em benefícios sociais para todas as classes sociais, em infraestrutura básica, etc. E eu entendo isso! Só que acho que não adianta tentar mudar as coisas sem primeiro entender a lição básica dos países realmente desenvolvidos: a colocação em prática dos conceitos de comunidade, civilidade e bem-estar social, como praticam o Canadá, muitos países da Europa, e a Austrália. É o que o Michael Moore resume magistralmente no final do filme com a seguinte frase:

“They live in a world of we, not me. We will never fix anything until we get that one basic thing right.”

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Ir ao médico na Austrália

Já falei disso no blog algumas vezes (aqui, aqui e aqui), mas parece que mesmo pra mim o assunto nunca se esgota. Estou há quase 2 anos aqui e ainda tento me acostumar com o sistema diferente, ainda peno quando tenho que explicar sintomas, ir a um especialista, fazer algum tratamento.

Hoje mesmo estava pensando em ir no médico ver umas manchinhas de sol no rosto que tem aumentado e me incomodado, mas só de lembrar da saga de ir no GP, pedir encaminhamento pra um dermatologista, pagar pela consulta do especialista (e mesmo parte da do GP, uma vez que muitos não são bulk billed, ou seja, cobertos integralmente pelo Medicare), aprender como falar o que me incomoda em ingles, pagar pelo tratamento, ufa! Já me cansa (e doi no bolso) só pensar!

(antes que alguém pergunte, não, as manchas não são perigosas. Já tinha investigado uma – a precursora maldita – ano passado e o meu GP disse que eram “freckles” (sardas), que pioram com o sol. A injustiça é que eu me previno demais da conta, passo protetor solar fator 30 todos os dias, evito ficar exposta ao sol, quando vou a um parque/praia estou sempre de chapéu (tenho uma coleção, virou minha nova mania...rs). E ainda assim essas desgraças aparecem! Maldito sol da Austrália! rs)

Por isso hoje quando esbarrei com esse post achei ele super útil. Fica a dica pra quem quiser um mini dicionário de sintomas e partes do corpo em inglês. :)

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Então é Natal

Mais um Natal se aproxima, nosso segundo na terra do canguru!

Hoje foi dia de montar a árvore, primeiro a do meu escritório, que como é pequeno acabou metade do escritório vindo ajudar a montar, fazer piada, foi bem divertido. O curioso é que faz quase 1 ano que entrei lá (comecei dia 10 de dezembro do ano passado) e parece que foi ontem. Me lembro que assim que entrei foram montar a árvore e eu também participei. Mas naquela época estava tímida ainda, não conhecia ninguém, ficava insegura com meu inglês. Hoje, 1 ano depois, eu parecia outra pessoa, até piada contei! Em inglês! rs

Depois foi a vez de montar a árvore aqui de casa, no nosso novo apê, que tanto amamos. Foi ótimo!

Detalhe que lá no escritório sobrou pra mim a incumbência de organizar a festa de final de ano. Claro que comecei a ver isso meses atrás, em julho acho, pois o restaurante tem que ser reservado com antecedência. O que parecia tão distante há uns meses, agora está bem próximo, a festa será na próxima sexta. Como meu escritório é pequeno, tem só 13 pessoas, faremos o tradicional jantar num restaurante ótimo que tem no Circular Quay chamado "Cafe Sydney". Seguem algumas fotos:



Essa semana eu estava fechando os últimos detalhes: revisando o menu (será um menu fechado, com 3 pratos - entrada, prato principal e sobremesa - e pra cada prato as pessoas poderão escolher entre 5 opcões), escolhendo os vinhos e champagne (claro que essa parte coube a um dos sócios, até porque eu não entendo nada de vinho, muito menos vinho que custa $100 a garrafa... rs), concluindo o rsvp, escolhendo o seafood platter (tipo um grande prato pra ser dividido pela mesa toda como pré-entrada, e que contém camarão, ostra, lagostin, e alguns outros que eu desconheço até em português como se chama pois não sou chegada a frutos do mar).


Talvez por ser pequeno o office, os companheiros/maridos/esposas/namorados são convidados. Ano passado o Thiago não foi, mas esse ano vai conhecer o pessoal. Com um pequeno detalhe: no mesmo dia é a festa da empresa dele, que será um almoço numa churrascaria brasileira. Como ele vai aguentar jantar um "3 course meal" as 6 da tarde eu não sei, mas o fato é que o sr. pancinha está adorando a ideia. rs


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Eis que outro dia uma australiana que trabalha comigo me pergunta: vc está organizando a festa de fim de ano, mas e o "Kris Kringle"? Ah? Cuma? Primeiro que ela tem um sotaque super carregado (acho que é do interior) e eu seque entendi o que ela disse em inglês. Depois fiquei alguns segundos pensando no que poderia ser. Deduzi que fosse o amigo oculto, e era. Ué, mas amigo oculto não é "secret santa" em inglês? Pois é, muita gente chama de "secret santa", mas aparentemente tambêm se usa "Kris Kringle" (e viva o wikipedia!).


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No mais o Natal é bem parecido com o do Brasil, em pleno verão (que aliás ainda não deu as caras esse ano, hoje mesmo estava fazendo 14 graus pela manhã), decoração em vários lugares, ceia, etc. Algumas diferenças:

- O feriado aqui é no dia 25 só, e no dia 26 por ser "boxing day", quando ocorre uma grande liquidação no comércio;

- Na ceia de Natal é muito comum ter frutos do mar ao invés de peru ou carne de porco. Tanto que o mercado de peixes de Sydney fica aberto 36 horas seguidas entre 23 e 24 de Dezembro.


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Pra encerrar, algumas decorações em Sydney dessa época do ano: